Hoje, mais uma vez, a
saúde estadual amanhece em greve. Após a categoria passar 34 dias, entre agosto
e setembro deste ano, de braços cruzados, nesta terça-feira o movimento
grevista será retomado porque os termos do acordo celebrado na última
negociação, segundo dirigentes do Sindicato dos Servidores da Saúde do RN
(SindSaúde) foram descumpridos e as negociações com a administração pública
para forçar o cumprimento das cláusulas não avançaram.
Na administração
estadual, os servidores da saúde não são os únicos a indicar suspensão das
atividades. Ontem pela manhã, em coletiva de imprensa unificada, dirigentes dos
sindicatos dos educadores estaduais, dos
policiais civis e dos servidores da Administração Indireta, apresentaram o
panorama do funcionalismo público potiguar, que consideram “caótico” e
anunciaram uma possível onda de greves.
Os policiais civis e
servidores do Instituto Técnico-científico de Polícia (Itep/RN), representados
pelo Sindicato dos Policiais Civis e Servidores da Segurança Pública do RN
(Sinpol/RN) indicaram assembleias nos próximos dias 16 e 18, provavelmente com a
votação favorável para mais uma paralisação, após mais de 60 dias de braços
cruzados, neste ano. Os professores também, por meio do Sindicato dos Trabalhadores em Educação
Pública do RN (Sinte/RN), anunciaram uma assembleia no dia 22 de janeiro. A
tendência é que o ano letivo de 2014, marcado para 23 do mês que vem, não
comece na data estabelecida devido ao movimento dos educadores.
A reclamação da Saúde
quanto à falta de compromisso do Governo ganha unanimidade entre as categorias.
Acordos feitos nas últimas negociações, segundo os sindicalistas, “foram
simplesmente desfeitos”. É o caso do que ocorreu nas conversas entre Executivo
e Sindicato dos Servidores da Saúde do RN (Sindsaúde/RN). Dos cinco pontos
postos em pauta, o Governo se comprometeu a cumprir três, o que fez a
categoria, na época em greve, voltar às atividades.
O principal deles foi
o acerto para aplicação de tabela com o internível de 3% a ser feita entre
março e maio de 2014 por nível – elementar, médio e superior. Ficou ainda
acordado que o Governo ainda enviaria um projeto de lei com a nova tabela à
Assembleia Legislativa, algo que não ocorreu.
Além disso, a administração pública agora afirma que não pode manter o
pagamento para maio aos servidores de nível superior da saúde. O Executivo já
indicou que fará isso em parcelas, entre agosto e setembro.
Outra questão da
pauta de reivindicações que vem irritando o Sindsaúde é a criação da chamada
comissão mista que revisará o Plano de Cargos. O grupo até foi formado e um
documento enviado à Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), mas não
houve resposta oficial até agora. Além disso, a a promessa de enviar o projeto
de lei ao Legislativo também não se concretizou.
O terceiro ponto é o
pagamento de 22% das gratificações aos aposentados, que receberiam em grupos em
janeiro, fevereiro e março. O problema é que agora, segundo os sindicalistas,
não há mais garantias de que a promessa seja cumprida e os aposentados recebam
realmente em janeiro.
“Cansados disso,
cumpriremos o que prometemos quando terminamos a greve. Dissemos que iríamos
ficar em ‘estado de greve’ e se não fôssemos atendidos, iríamos retomar a
paralisação. E é isso que vai acontecer: vamos retomar a greve amanhã [hoje]
com o objetivo de transformar em lei tudo aquilo que for acordado”, afirmou a
diretora geral do SindSaúde, Simone Dutra. Daqui a três dias, a categoria
promove assembleia geral.
Dutra ainda relatou o
cenário de caos implantado neste ano. Não se paga mais terço de férias, alguns
servidores perderam R$ 1 mil no contracheque, o número de funcionários nas
escalas de plantão foram reduzidos. Tudo isso foi relatado pela sindicalista,
que alerta: “Essa greve é um ensaio para uma greve unificada no ano que vem”.
Imagem: Wlademir Alexandre
Fonte: Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário