Parte 1
Parte 2
Freire aplicou publicamente seu
método, pela primeira vez no Centro de Cultura Dona Olegarinha, um Círculo de
Cultura do Movimento de Cultura Popular (Recife). Foi aplicado inicialmente a
cinco alunos, dos quais três aprenderam a ler e escrever em 30 horas, outros
dois desistiram antes de concluir. Baseado na experiência de Angicos, onde em
45 dias alfabetizaram-se 300 trabalhadores, João Goulart, presidente na época,
chamou Paulo Freire para organizar uma Campanha Nacional de Alfabetização. Essa
campanha tinha como objetivo alfabetizar 2 milhões de pessoas, em 20.000
círculos de cultura, e já contava com a participação da comunidade - só no
estado da Guanabara (Rio de Janeiro) se inscreveram 6.000 pessoas. Mas com o
Golpe de 64 toda essa mobilização social foi reprimida, Paulo Freire foi
considerado subversivo, foi preso e depois exilado. Assim, esse projeto foi
abortado. Em seu lugar surgiu o MOBRAL, uma iniciativa para a alfabetização
porém distinta do método freiriano.
O Método Paulo Freire consiste numa proposta para a alfabetização
de adultos desenvolvida pelo educador Paulo Freire, O método nasceu em 1962
quando Freire era diretor do Departamento de Extensões Culturais da
Universidade do Recife onde formou um grupo para testar o método na cidade de
Angicos, RN onde alfabetizou 300 cortadores de cana em apenas 45 dias, isso
porque o processo se deu em apenas 40 (quarenta) horas de aula e sem cartilha1
. Freire criticava o sistema tradicional, o qual utilizava a cartilha como
ferramenta central da didática para o ensino da leitura e da escrita. As
cartilhas ensinavam pelo método da repetição de palavras soltas ou de frases
criadas de forma forçosa, que comumente se denomina como linguagem de cartilha,
por exemplo Eva viu a uva, o boi baba, a ave voa, dentre outros.
Etapas do método
Etapa de Investigação: busca
conjunta entre professor e aluno das palavras e temas mais significativos da
vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive.
Etapa de Tematização: momento da
tomada de consciência do mundo, através da análise dos significados sociais dos
temas e palavras.
Etapa de Problematização: etapa
em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e
acrítica do mundo, para uma postura conscientizada.
As fases de aplicação do método
1ª fase: Levantamento do universo
vocabular do grupo. Nessa fase ocorrem as interações de aproximação e
conhecimento mútuo, bem como a anotação das palavras da linguagem dos membros
do grupo, respeitando seu linguajar típico.
2ª fase: Escolha das palavras
selecionadas, seguindo os critérios de riqueza fonética, dificuldades fonéticas
- numa sequência gradativa das mais simples para as mais complexas, do
comprometimento pragmático da palavra na realidade social, cultural, política
do grupo e/ou sua comunidade.
3ª fase: Criação de situações
existenciais características do grupo. Trata-se de situações inseridas na
realidade local, que devem ser discutidas com o intuito de abrir perspectivas
para a análise crítica consciente de problemas locais, regionais e nacionais.
4ª fase: Criação das
fichas-roteiro que funcionam como roteiro para os debates, as quais deverão
servir como subsídios, sem no entanto seguir uma prescrição rígida.
5ª fase: Criação de fichas de
palavras para a decomposição das famílias fonéticas correspondentes às palavras
geradoras.
Referências:
Letícia Rameh Barbosa. Movimento
de Cultura Popular: impactos na sociedade pernambucana. Recife: edição da
autora, 2009.
Educação Como Prática da
Liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1967 (19 ed., 1989)
Livro: O que é método Paulo
Freire. Autor: Carlos Rodrigues Brandão (editor). São Paulo, Brasiliense, 1981.
Wikipédia