segunda-feira, 20 de junho de 2022

O Trem de Nova Cruz-RN. Trecho Natal/Nova Cruz: A primeira linha de trem do RN

Trajeto da linha do trem contornando a cidade

Para ligar a capital pernambucana à capital potiguar por via férrea, em qualquer época o percurso seria o mais óbvio, seguir em paralelo ao oceano atlântico como faz hoje a BR 101. Principalmente porque passaria também por importantes cidades próximas ao litoral (a exemplos de Goiana (PE), Paraíba (atual João Pessoa (PB), Mamanguape (PB), etc.) que no início do século 18, já tinham a sua importância, tanto econômica quanto política.


Porém, o que se viu foi um desvio considerável para margear, não o oceano atlântico e sim a parte leste do Planalto da Borborema, onde em cima da grande parede de rocha tinha apenas duas cidades emergentes (Areia e Bananeiras). E por ficarem em cima da serra o trem passaria bem longe, sendo o seu principal trajeto pela Vila da Independência (atual Guarabira). Mais de 30 anos depois foi feito dois pequenos ramais: um até a cidade de Alagoa Grande (PB), não foi possível ir até a cidade de Areia e o outro ramal seguindo até a cidade de Bananeiras por túnel feito sob a serra.


Mas, se olhar por outro ângulo, a partir dali poderia ser prolongado ao extremo oeste para a conquista dos sertões, o que ficou evidente com o entroncamento ferroviário na cidade de Itabaiana(PB). Além disso o brejo na parte leste da chapada, contemplada com os ventos alísios que deixa o seu terreno sempre úmido, era e sempre foi, lugar de grandes atividades agropecuárias e também de variadas e valorosas especiarias.


A pequena Urtigal (Vila de Nova Cruz) que por pura sorte se encontrava no caminho de entrada e limite entre as províncias da PB e RN foi beneficiada pela rota de passagem do trem nos seus limites. E por ser a última estação de saída do RN e primeira de entrada para a PB, essa mesma estação era a segunda maior da província do RN, perdia apenas para de Natal. A estação da Vila de Nova Cruz serviria também de armazém para acúmulo de mercadorias entre uma região e outra. Em seu destino a Natal o trem passava pelas localidade de: Cuitezeiras (antiga Vila Nova, atual Pedro Velho e onde também foi construída a primeira ponte de ferro no RN, sobre o rio curimataú), Gramació (Vila da Penha e atual Canguaretama), Vila de Goianinha e Paparí (atual Nísia Floresta). A partir de então a Vila de Nova Cruz cresceu e se desenvolveu pelos benefícios oriundos desse tráfego férreo e que veio ao colapso a partir da década de 1980, com a desativação do ramal que passava pela cidade obrigando o município a diversificar a sua economia através de outros meios.


Há vários estudos sobre a viabilidade de reativar vários ramais da antiga linha, alguns já reconstruídos e revitalizados (muitos apenas para transporte de minérios) reativando aqueles bons e velhos tempos. Porém, enquanto não vem a revitalização a antiga estação funciona como casa da cultura e a população local sonha com a possibilidade de algum dia ser reativado o trem que tantos sonhos trouxe ao município.

Texto: Claudianor Dantas




Imagem: Blog:santoantoniooficial




Histórico


Em 27 de Fevereiro de 1880, inaugurou-se as obras de construção da estrada de ferro de Natal a Nova Cruz, no estado do Rio Grande do Norte.

Em 31 de Dezembro de 1882 foi inaugurado o tráfego de toda a linha, com 121 quilômetros de extensão.

A bitola desta linha é de um metro, a declividade máxima de 0m,025 e o raio mínimo de 110 metros. O seu custo foi de 7.110:000$000.

Esta linha está arrendada à Companhia Great Western Railway, que a prolongou para Independência (atual Guarabira), na Paraíba, sendo inaugurado o tráfego desse prolongamento com a extensão de 50,197 quilómetros em 1º de Janeiro de 1904.

A extensão da linha de Natal a Independência é de 171,197 quilómetros.

 

Fonte: vfco.brazilia

 

Os primeiros trilhos em terras potiguares

 

A província do Rio Grande do Norte iria conhecer o real significado da palavra progresso no século XIX, com a implantação da primeira estrada de ferro do RN. Apesar de ter sido autorizada em 1873, a ferrovia só começou a ser construída anos mais tarde, em 1878. Os trilhos que partiriam rumo à Zona Agreste do estado começaram a ser erguidos em um local conhecido à época como Nau de Refoles, hoje Passo da Pátria. A coordenação da obra ficou a cargo do engenheiro Jason Rigbi.

Servindo como transporte de cargas e meio de locomoção para as comunidades vizinhas, a estrada de ferro trouxe mudanças significativas para o modo de vida provinciano potiguar. Inaugurados em 1881, o primeiro trecho ferroviário (Natal/Nova Cruz) e a Estação Central de Natal (localizada na Praça Augusto Severo, bairro da Ribeira) apresentaram o sentido da palavra mobilidade aos moradores da região. Anos mais tarde, em 1901, o trecho Natal/Nova Cruz seria arrendado pela "The Great Western of Brazil Railway Company", como aconteceu com outras estradas de ferro pelo país.

Se antes a população percorria grandes distâncias utilizando tração animal, a empresa tornou possível cruzar os Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco utilizando a ferrovia. Graças à construção da via férrea que ligava Nova Cruz à Independência (PB). A "Great Western" teve um papel fundamental para o desenvolvimento do comércio e das indústrias locais à época.

 

Fonte: CBTU

 

HISTORICO DA LINHA: A linha que originalmente unia a estação do Brum, no Recife, a Pureza, próximo à divisa entre Pernambuco e Paraíba, foi aberta de 1881 a 1883 pela Great Western do Brasil, empresa inglesa que tinha a posse e a concessão da E. F. Recife ao Limoeiro. Esta linha avançou até Pilar, na antiga E. F. Conde D'Eu, incorporada à GW em 1901, onde sua linha, aberta em 1883, entre outros ramais, avançava até Nova Cruz, já no Rio Grande do Norte e da E. F. Natal a Nova Cruz, que também passou à GW, na mesma época. Para ligar estas duas últimas, a GW construiu em 1904 um trecho de 45 km, formando então o que veio a ser chamado de Linha Norte. Quando ocorreu a venda da GW para a Rede Ferroviária do Nordeste, no entanto, o trecho do RN já não mais pertencia à GW, mas foi incorporado à RFN, e em 1957 tudo isso foi uma das formadoras da RFFSA. A linha está ativa até hoje sob o controle da CFN, que obteve a concessão da malha Nordeste em 1996, mas trens de passageiros não circulam mais por essa linha desde os anos 1980.

 

A ESTAÇÃO: A estação de Nova Cruz foi inaugurada em 1883.

 


Fonte: estações ferroviárias

A partir de 1904 passou a ser o entroncamento das linhas da E. F. Natal a Nova Cruz com a E. F. Conde D´Eu. Com o tempo (1901) tudo isso passou a ser administrado pela Great Western do Brasil.

Em 1939 houve a separação da administração da linha potiguar, que passou a ser administrada pela E. F. Central do RN, da GWB.

Em 1950, com a formação da Rede Ferroviária do Nordeste no lugar da GWB, e sua absorção pela RFFSA como uma das subsidiárias, a RFN passou a controlar tudo de novo - embora o nome da EFCRN - agora E. F. Sampaio Correia - tivesse sido mantido por alguns anos.

A antiga estação, já desativada, não estava mais abandonada em 2015. Adquirida pela Prefeitura Municipal, foi doada ao Governo do Estado do Rio Grande do Norte, que a transformou na Casa da Cultura Lauro Arruda Câmara. Ela fora totalmente recuperada por técnicos da Fundação José Augusto, com orientação do Patrimonio Histórico, preservando-se suas linhas arquitetônicas. É um monumento da história do transporte ferroviário de passageiros do nordeste, infelizmente desativado. Nova Cruz, por muitos anos, foi o elo de ligação entre Natal e o Recife.

 

Fonte: estacoesferroviarias.com


1876: O início da história do Ramal de Nova Cruz, de Natal a essa cidade (A Provincia de S. Paulo, 12/4/1876).

 


ACIMA: Pelo jeito, no tempo da E. F. Natal a Nova Cruz ainda sem ser da Great Western, a safra era primordial para uma ferrovia e local pobres. Daí colocarem para atender passageiros nesse período trens mistos. Seriam eles adicionais aos trens comuns de passageiros ou estes haviam sido suspensos para favorecer o tráfego durante a safra? (Jornal Rio Grande do Norte, 2/9/1891).

 

(Fontes: Leonardo Arruda Câmara; Ilvaíta Maria Costa; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, 1959)

 

 

quarta-feira, 15 de junho de 2022

XICO SANTEIRO: A sua grandeza enaltece o município de Santo Antônio/RN

Presépio: Obra de Xico Santeiro (Fonte: brechando.com)

Xico Santeiro, natural de Santo Antônio/RN (do Sítio Tinguijado)


Xico Santeiro, ícone da Cultura Popular do RN

Joaquim Manoel de Oliveira conhecido como Xico Santeiro, nasceu no município de Santo Antônio do Salto da Onça – RN, em 1889.

Juntamente com seu pai, Manoel Francisco Xavier, foi santeiro ambulante por cidades de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Nessa fase inicial de sua carreira, fazia um trabalho artístico voltado para as devoções populares, destinado a ser conservado nos oratórios domésticos ou exposto em dias de festas – nas novenas – ou nos momentos de oração em família.

As esculturas devocionais eram pintadas. Recebiam uma policromia para ficarem parecidas com as imagens que eram vistas nas capelas, igrejas e paróquias.

Xico Santeiro (Fonte:sabedoria política e brechando.com)

Atendeu assim, durante muitos anos, a demanda dos católicos que cultuavam as imagens sacras.

Provavelmente, muitas dessas peças ainda são preservadas, no silêncio dos oratórios populares. Difícil identificá-las, hoje, até porque não eram assinadas e, além do mais, realizados em parceria com seu próprio pai.

Do tempo em que “pintava” as imagens pouca coisa se conhece do trabalho que restou. Mas, ainda assim, algumas peças policromadas dão testemunho do referido período.

Cansado da vida de ambulante, Xico Santeiro, já casado com Maria Feliz de Oliveira, com quem teve oito filhos (dos quais três morreram antes da primeira infância), fixou residência em bairro humilde de Natal, à margem da linha do trem, no quilometro cinco.

 

Presépio: Obra de Xico Santeiro (Fonte: brechando.com)

Quanto à “descoberta” de Xico Santeiro na “grande cidade” não se conhece muitos detalhes.

Veríssimo de Melo relata que foi o comerciante Sérgio Severo, descendente dos “Albuquerque Maranhão” quem o apresentou ao mestre Câmara Cascudo. Isso se deu, provavelmente no final da década de 1940. Xico Santeiro conta que Câmara Cascudo gostava de fazer encomendas de “Santo Antônio” (miniaturas policromadas) que presenteava às moças que tinham pressa em arranjar “casamento”.

Em 1950, no Jornal “A República”, Câmara Cascudo redige uma calorosa apresentação do escultor popular Xico Santeiro. Graças à divulgação feita através de impressa, Xico torna-se conhecido e vai, pouco a pouco, consagra-se como um ícone ou um símbolo da força da arte popular do nosso Estado.

É o começo de uma nova fase, caracterizada por obras de cunho mais popular que ele passa a executar com seu canivete, na imburana crua, isto é, sem pintura. Esculpe com mais agilidade centenas de cangaceiros, rendeiras, pescadores, Fabião das Queimadas, Inácio da Catingueira, Zé Minininho, enfim, gente do povo.

Não se pode esquecer que essa mudança aconteceu graças ao incentivo de Protásio de Melo, Veríssimo de Melo e outros intelectuais sob a influência do Movimento Modernista Brasileiro. Infelizmente, as novas encomendas chegaram ao extremo de pedir a Xico Santeiro para esculpir Buda, Beethoven, estatuetas africanas e outros temas alienígenas à sua cultura.

De acordo com inúmeros depoimentos foi ainda Câmara Cascuda que levou o Prefeito Djalma Maranhão, (em sua 1ª gestão) à casa de Xico Santeiro, quando já residia na Praia de Areia Preta.

 

Entre o Prefeito e o Artista surgiu uma admiração mútua.

De imediato, Djalma Maranhão adquire várias esculturas de Xico Santeiro e cria o 1º Museu de Arte Popular do Estado.

O acervo cresceu rápido e foi ampliado com esculturas de outros artesãos, inclusive com cerâmicas vindas de Caruaru, assinadas pelo Mestre Vitalino.

Em 1991, a universidade Federal do Ceará, presta uma homenagem especial a Xico Santeiro. Nessa ocasião adquire para o museu da referida universidade – MAUC – uma centena de esculturas populares, assinadas por Xico Santeiro, Irene Oliveira e Zé Santeiro. Hoje constitui um acervo precioso para os estudiosos da cultura popular.

No final de 1962, Djalma Maranhão reconhecendo que Xico Santeiro não tinha um chão próprio para morar e trabalhar, faz-lhe doação de uma pequena casa, situada à rua Guanabara, no bairro de Mãe Luiza. Em 1963, Navarro escreve uma crônica na Tribuna do Norte, intitulada “Nova Casa de Chico Santeiro”.

Ainda em 1963, com a instalação da Galeria de Arte, na Praça André de Albuquerque, ele teve a oportunidade de ver suas peças expostas ao público. Na referida galeria também participou de várias exposições, uma dela, inclusive, ao lado de Newton Navarro, assessor da Diretoria de Documentação e Cultura, então dirigida por Mailde Ferreira Pinto Galvão.

Em Natal, Xico Santeiro foi um divisor de águas. A história da escultura popular, hoje, se divide em duas épocas fundamentais: “Antes e depois” de Xico Santeiro. “Antes” é a história da arte popular anônima. Só as obras que sobreviveram ao tempo dão testemunho do talento e da criatividade, sem registrar nomes. “Depois” é a história da valorização da arte popular. É a ação comprometida do Prefeito Djalma Maranhão com a cultura do Povo. Também o surgimento de colecionadores em residências particulares ou em instituições públicas. Enfim, um “conceito novo” de Arte Popular passa a ser debatido nos quatros cantos da cidade.

Caso semelhante ocorreu em Pernambuco, que teve como marco divisor a obra do Mestre Vitalino.

Poderíamos ainda fazer referência, ao estado do Ceará, que, nessa mesma época, contou com o reconhecimento do Mestre Noza, xilógrafo e escultor, vinculado igualmente às tradições populares.

Mestre Vitalino e Mestre Noza foram, por conseguinte, contemporâneos de Xico Santeiro. Três nomes indispensáveis ao conhecimento da arte no Nordeste do Brasil, do século XX.

Em Natal, Xico Santeiro ainda teve o mérito de fundar uma “escola”, no sentido de ter criado uma maneira, um estilo de esculpir. Entre os discípulos merecem destaque especial sua filha Irene Oliveira, casada com outro discípulo, José Santeiro, ambos já falecidos. Também pertenceu a mesma escola, um outro genro de Xico Santeiro, conhecido como Zé Nicássio ou Zé de Neuza. Ele reside atualmente em Taipú-RN e continua produzindo, sem jamais negar a influência que recebeu do seu Mestre.

Em 1964, com o golpe Militar ocorrido no Brasil, o conceito de arte popular passa a ser questionado e até mesmo a ser considerado como “subversivo”. O Museu de Arte Popular, criado por Djalma Maranhão, foi totalmente desarticulado e na sequência dos tempos ditatoriais, a Galeria de Arte, edificada na Praça André de Albuquerque, totalmente demolida.

No começo de 1966, abatido pelos acontecimentos políticos que ele vivenciou profundamente, ao lado de Djalma Maranhão, Xico Santeiro veio a falecer em Natal, no Hospital das Clínicas, com diagnóstico de doença hepática.

Apesar do tempo decorrido, a memória de Xico Santeiro e a memória de Djalma Maranhão continuam vivas, na Cidade do Natal.


Fonte: http: dhnet.org.br/

Texto de Antônio Marques.



terça-feira, 7 de junho de 2022

RN recomenda retomada de medidas para evitar transmissão da covid


O Rio Grande do Norte publicou, na edição do Diário Oficial desta terça-feira (07/06/2022), uma nova recomendação tratando sobre medidas não farmacológicas para a contenção da covid-19 em todo o estado. A medida trata desde o uso de máscaras até o incentivo à vacinação.

Na portaria, assinada pelo secretário de Saúde do Estado, Cipriano Maia, é levado em consideração o "o aumento exponencial dos casos da Covid-19 em alguns países, no Brasil e em estados vizinhos e no Rio Grande do Norte". Segundo o texto, na última semana, foi observado um aumento número de casos da covid-19, com 617 casos confirmados registrados até o dia 3 de junho, e com 125 casos notificados e confirmados nas últimas 24 horas.

Por isso, a portaria recomenda a utilização de máscaras em ambientes fechados, incluindo transportes públicos, unidades de saúde e escolas, assim como também foi sugerido à população a adoção de outras medidas, incluindo o protocolo sanitário, higienização das mãos e etiqueta respiratória.

Ainda na portaria, o Estado reforça a necessidade de cumprimento do ciclo vacinal, incluindo as doses de reforço contra a covid, e a ampliação das testagens de pessoas sintomáticas e das assintomáticas que tiveram contato com infectados. Os resultados, inclusive, devem ser informados à Sesap.

A medida entra em vigor imediatamente e não tem prazo de validade.

Aumento dos casos

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (Sesap), A última quinzena de maio apresentou aumento de 22% de casos em relação ao mesmo período de abril. Além disso, nos últimos 15 dias foram notificados 3.152 casos confirmados no Estado.

O uso de máscaras deixou de ser obrigatório no Rio Grande do Norte, em ambientes fechados, no dia 6 de abril. Em espaços abertos, a proteção já não era exigida desde o dia 16 de março. Em Natal, a desobrigação do uso das máscaras vigora desde 09 de março. O uso obrigatório de máscaras no Estado era desde o dia 07 de maio de 2020. À época, o decreto assinado pela governadora Fátima Bezerra (PT) estipulava uma multa de R$ 50 mil em caso de descumprimento.

O aumento de casos de covid vem sendo registrado nos boletins epidemiológicos da Sesap. De acordo com a plataforma Monitora Covid-19, da Fiocruz, em maio, por exemplo, alguns dias do mês registraram altos patamares, como o dia 30 e 31 com 928 e 198 casos, respectivamente, e o dia 24, com 254, e o dia 12, com 145 registros. A última vez que esses índices diários acima de 100 casos haviam sido atingidos foi no dia 14 e 20 de abril, com 295 e 251 casos, respectivamente.

A ocupação de leitos covid-19 no Rio Grande do Norte segue baixa. Em consulta a plataforma Regula RN, a ocupação nas UTIs do Estado está em 29,63%, sendo 16 leitos ocupados. Com relação a leitos clínicos, a taxa é de 13,56%.

Atualmente, dois hospitais públicos do Estado estão com 100% dos leitos de UTI ocupados: Hospital dos Pescadores e Hospital Maternidade Maria Alice Fernandes.

No RN, mais de 250 mil estão com D2 atrasada

Pelo menos 257.371 potiguares estão com a segunda dose da vacina contra a covid-19 em atraso, segundo dados da plataforma RN + Vacina, que monitora em tempo real os índices de imunização no Estado. São 2.690.216 pessoas totalmente vacinadas com duas doses e outras 1.572.974 com a dose de reforço.

Na semana passada, a Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (Sesap)) lançou uma nota recomendando a vacinação imediata com a quarta dose da covid-19 na população acima de 50 anos e em profissionais de saúde.

De acordo com a Coordenação de Vigilância em Saúde e Programa Estadual de Imunização, existe uma tendência de redução da efetividade das vacinas contra a Covid-19 com o passar do tempo. “Desta forma, foi pactuado com a Câmara Técnica das Vacinas que sejam aplicados os imunizantes da Jansen, Astrazeneca e Pfizer a segundo dose do reforço (D4) a partir de 4 meses após a última dose do esquema vacinal primário”, diz nota da pasta.

Até o momento, segundo a plataforma RN + Vacina, 190.299 potiguares já tomaram a quarta dose da vacina.


Fonte: Tribuna do Norte


sábado, 4 de junho de 2022

Câmara Municipal de Santo Antônio/RN, terá sessão solene em homenagem aos 50 anos da Escola Celso Garcia

 



No dia 10 de Junho de 2022 a Câmara Municipal de Santo Antônio/RN terá sessão solene em homenagem aos 50 anos da Escola Celso Garcia. Desde já agradecemos e contamos com a presença de tod@s!


terça-feira, 31 de maio de 2022

Nova CNH começa a valer nesta quarta-feira (01/06/2022) no Brasil

 
Modelo da nova CNH (Imagem: g1.com)

O novo modelo da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) começa a ser emitido nesta quarta-feira (1º). A decisão é do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e foi tomada em dezembro de 2021, por meio da resolução n° 886.

Não há necessidade de troca imediata para o novo padrão. A substituição ocorrerá à medida que os motoristas forem renovando ou emitindo a segunda via. O documento pode ser expedido em meios físico, digital ou ambos. "A escolha fica à critério do condutor", diz a resolução.

Segundo a resolução do Contran, os órgãos de trânsito locais têm que estar preparados para emitir o novo modelo até esta quarta-feira. "Os órgãos e entidades executivos de trânsito dos estados e do Distrito Federal deverão adequar seus procedimentos para adoção do modelo da CNH estabelecido nesta Resolução até 1º de junho de 2022", diz o texto.

Novo modelo

A nova CNH terá elementos gráficos para dificultar a falsificação e fraudes. Também será possível usar o nome social e filiação afetiva do condutor no documento.

A medida foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 23 de dezembro. A nova CNH tem predominância das cores verde e amarelo, e trará uma tabela para identificar os tipos de veículos que o motorista está apto a conduzir.

A primeira coluna terá a categoria da CNH, seguida por uma imagem do automóvel e a indicação se o dono do documento está habilitado para dirigir aquele tipo de veículo, além de informações sobre exercício de atividade remunerada do motorista e possíveis restrições médicas.

Foi ainda incorporado um código internacional utilizado nos passaportes, que permite ao condutor embarcar em terminais de autoatendimento nos aeroportos brasileiros.

O documento também vai apontar se o motorista tem apenas permissão para dirigir, por meio da letra "P", ou se já possui CNH definitiva, com o uso da letra "D".

A nova CNH mantém o QR Code, já disponível nos documentos emitidos a partir de 2017. O código vai armazenar todas as informações do documento, inclusive a fotografia, com exceção da assinatura do motorista.

Apesar da mudança, não há necessidade de troca imediata para novo padrão. Documento pode ser expedido em meios físico, digital ou ambos.

Comparação da CNH nova com a anterior
(Imagem:g1.com)




Fonte: g1.com


segunda-feira, 30 de maio de 2022

sábado, 28 de maio de 2022

O apelo do Concriz: João Gomes Sobrinho (Xexéu)






O próprio poeta recita o poema. Assista o vídeo abaixo:

Fonte do vídeo: (freemake.com)

 


O apelo do concriz (João Gomes Sobrinho – Xexéu)

 

O homem quer liberdade

Para viver satisfeito

Pois de maneira nenhuma

Abre mão desse direito

Quem sabe se os passarinhos

Não pensam do mesmo jeito.

 

Os versos que eu tenho feito

De minha propriedade

Eu agradeço ao meu pai

Porque me deu liberdade

Deu assistir cantadores

Na minha comunidade.

 

Minha sensibilidade

Jamais consegue olvidar

Das noites que assisti

Nestor Marinho cantar

Representando a cultura

Do povo do meu lugar.

 

Onde aprendi manejar

Enxada, foice e machado

Ler escrever e contar

Mesmo sem ter estudado

Tocar viola e cantar

De repente improvisado.

 

De pensamento voltado

Pra Divina Providência

Envio a minha mensagem

Recebo a correspondência

Rima, métrica e oração

Ritmo, compasso e cadência.

 

Quem me deu inteligência

Foi quem deu aroma a flor

É quem faz a noite calma

Banhar com lágrimas de amor

As pétalas da rosa virgem

Do jardim do Criador.

 

É onde o trovador

Quanto mais ver mais aprende

No altar da matutina

De onde a lua depende

Desenha quadros poéticos

Que só o poeta entende.

 

Os nativos compreendem

A orquestra matinal

Dos músicos da natureza

Nas frondes do vegetal

Louvando o nascer do dia

Num coreto angelical.

 

Complementa o musical

O belo galo campina

Na copa do juazeiro

De vez em quando clarina

Embelezando o cenário

De uma manhã nordestina.

 

Sobre as flores da campina

Pode se observar

Os casais de bem-te-vis

Trocando beijos no ar

Mostrando a Deus e o mundo

Que faz amor sem pecar.

 

Quando não que mais voar

Sobre as flores do vergel

Nas sombras do arvoredo

Conjuga o amor fiel

Sem gastar com camisinha

Nem horário de motel.

 

Representa no painel

Como manda o figurino

Com a decência dos trajes

E a composição do hino

Exibe um filme modelo

No cinema matutino.

 

Num feriado junino

Fui declamar num festim

Vi um concriz na gaiola

Cumprindo pena sem fim

Quando me viu começou

Cantar suplicando assim.

 

Xexéu tenha dó de mim

Já que você tem noção

Entende bem o que eu digo

Na voz da minha canção

Em nome da liberdade

Me salve dessa prisão.

 

Eu não entendo a razão

Mas você é sabedor

Que eu cai por inocente

No laço do predador

Só pelo simples motivo

De ser um bom cantador.

 

Ausente do meu amor

Não sabe o quanto padeço

Essa comida eu não gosto

Essa água eu aborreço

Longe dos meus conhecidos

Perto de quem não conheço.

 

Nem quando cochilo esqueço

Da floresta que eu vivia

Da fruta fresca no pé

Que eu beliscava e comia

Mais a minha companheira

Na fonte clara eu bebia.

 

Sozinho nessa enxovia

Pensando na minha gata

Talvez essa hora esteja

Fazendo queixa a cascata

Que minha beleza está

Fazendo falta na mata.

 

Desse gaiola barata

Para o convívio do mato

Posso voltar algum dia

Quando um poeta sensato

Através da minha voz

Compreender o meu relato.

 

Xexéu publique um boato

Da minha situação

Fazendo verso capaz

De sugerir emoção

É essa a única esperança

Da minha libertação.

 

Quando ouvi a petição

Do concriz na soledade

Lembrei de mim que também

Choro lágrima de saudade

Porque perdi para sempre

Quem consagrei amizade.

 

Sinto na realidade

O quanto o amor é doce

Que a minha esposa morreu

Mas o amor entranhou-se

Continua no meu peito

Com se viva ela fosse.

 

Hoje eu sou como se fosse

Um jangadeiro sem norte

Naufragado e sem destino

Aguardando um vento forte

Sacudir minha jangada

Sobre o rochedo da morte.

 

Ainda tenho por sorte

O som que a rabeca faz

Quando lhe abraço sentido

Saudades sentimentais

Dos tempos saudosíssimos

Que morro e não vejo mais.

 

O concriz vivia em paz

De repente foi traído

Hoje suplica sozinho

Numa gaiola detido

Sem tirar a sua amante

Um segundo do sentido.

 

A quem tinha lhe prendido

Eu perguntei pra saber

Se você tivesse preso

Longe do seu bem querer

Cantava por trás das grades

Saltitante de prazer?

 

Ele não quis responder

Eu fui me adiantando

Aquela cantiga dele

É o coitado exclamando

E o carcereiro imbecil

Não está interpretando.

 

Vi seus olhos marejando

Como agente quando chora

Sentindo a dor da saudade

Que seu coração devora

De quando voava livre

Cantando feliz na flora.

 

Tem gente que ignora

A saudade de quem ama

Pergunte a um cidadão

O que ele sente na cama

Longe da mulher amada

Que lhe puxava o pijama.

 

Fiz uns versos pra o IBAMA

Do jeito que eu muito quis

O IBAMA veio urgente

Pelo apelo que eu fiz

Arrebentou a gaiola

E libertou o concriz.

 

Eu fiquei muito feliz

Por ver o concriz liberto

E ele muito mais ainda

Voando de bico aberto

Como quem dizia ali

Nunca mais passo nem perto.

 

Foi pousar no canto certo

No meio da parentela

Encontrou a sua amante

Na mata da Micaela

Eu outro dia vi ele

Feliz da vida com ela.

 

O concriz fora da cela

Com a amante do lado

Reconheceu-me de longe

Cantou bonito e dobrado

Dizendo a meu entender

“Poeta, muito obrigado”!

 

Eu sai todo empolgado

Que nem um xexéu pachola

Cantando com o sabiá

E patativa de gola

Feliz por ter libertado

O meu colega da gaiola.

 

 

 


sexta-feira, 27 de maio de 2022

História da ferrovia no Rio Grande do Norte



O início da ferrovia no RN

 

Presente já nas primeiras horas do dia de boa parte da população, o trem desempenha um papel fundamental na vida de muitas pessoas, possibilitando o ir e vir diário. Por ser um afazer tão recorrente, são poucas as vezes que paramos e refletimos sobre as mudanças significativas que as ferrovias causaram mundo afora. No Brasil, o progresso de algumas regiões está intimamente associado à implantação de sistemas ferroviários.

No nordeste brasileiro não foi diferente, mais precisamente no Rio Grande do Norte. Movidos pela necessidade de simplificar a locomoção dos habitantes e dinamizar a economia local, os governantes do RN viram na estrada de ferro a solução para tais questões. Os trens que começaram a cortar o estado trouxeram e levaram não só cargas e passageiros, mas novas perspectivas para a vida dos potiguares. A construção da ferrovia oxigenou a economia da região e, consequentemente, trouxe esperança para as comunidades, que viram nos trilhos uma alternativa aos infortúnios causados pela seca.

Durante as primeiras décadas de implantação do sistema ferroviário no estado, duas ferrovias foram construídas. A primeira foi inaugurada em 1881 e a segunda em 1906.

Essas duas estradas de ferro compõem parte da história da ferrovia do RN, em momentos diferentes e tiveram fins distintos, cada uma com sua importância e trajetórias particulares.

 

Os primeiros trilhos em terras potiguares

 

Fonte: estacoesferroviarias.com

A província do Rio Grande do Norte iria conhecer o real significado da palavra progresso no século XIX, com a implantação da primeira estrada de ferro do RN. Apesar de ter sido autorizada em 1873, a ferrovia só começou a ser construída anos mais tarde, em 1878. Os trilhos que partiriam rumo à Zona Agreste do estado começaram a ser erguidos em um local conhecido à época como Nau de Refoles, hoje Passo da Pátria. A coordenação da obra ficou a cargo do engenheiro Jason Rigbi.

Servindo como transporte de cargas e meio de locomoção para as comunidades vizinhas, a estrada de ferro trouxe mudanças significativas para o modo de vida provinciano potiguar. Inaugurados em 1881, o primeiro trecho ferroviário (Natal/Nova Cruz) e a Estação Central de Natal (localizada na Praça Augusto Severo, bairro da Ribeira) apresentaram o sentido da palavra mobilidade aos moradores da região. Anos mais tarde, em 1901, o trecho Natal/Nova Cruz seria arrendado pela "The Great Western of Brazil Railway Company", como aconteceu com outras estradas de ferro pelo país.

Estação de Pedro Velho - RN. (Fonte: estacoesferroviarias.com)

Se antes a população percorria grandes distâncias utilizando tração animal, a empresa tornou possível cruzar os Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco utilizando a ferrovia. Graças à construção da via férrea que ligava Nova Cruz à Independência (PB). A "Great Western" teve um papel fundamental para o desenvolvimento do comércio e das indústrias locais à época.


A segunda Etapa da Ferrovia no RN

 

Em meio a um cenário de desolação, causado pela grande seca, surge a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte (E.F.C.R.N.), no início do século XX. A princípio, a ferrovia foi idealizada com o intuito de dinamizar o comércio do RN. Capital e interior, que detinham os principais polos econômicos da região, seriam interligados, viabilizando o ir e vir de cargas e passageiros.

A lei que consentia a construção da ferrovia foi autorizada em 1870, após reivindicações dos senhores de engenho. Mas foi em 1904 que os trilhos começaram a ser traçados em direção a Ceará-Mirim, com a supervisão do engenheiro Sampaio Correia.

O principal objetivo da empreitada era interiorizar a economia do RN, viabilizando a ligação da capital com Ceará- Mirim, que detinha 60% da produção de cana-de-açúcar de todo o estado.

Consequentemente, os efeitos da grande seca seriam minimizados, já que a construção serviria como frente de trabalho para o homem do campo.

O trecho Natal/Ceará- Mirim foi inaugurado em 1906 pelo então presidente eleito, Afonso Pena.

 

A ferrovia e a ponte sobre o rio Potengi

 

Em 20 de abril de 1916 é construída a Ponte sobre o Rio Potengi, que viria a ser um momento marcante para a história da ferrovia e de Natal. Erguida em cima do estreito de Refoles, a ponte permitiu a passagem dos trens da Estação de Ferro Central, sendo a única ligação da capital com o Vale Açucareiro. Durante muitos anos, a ponte do Potengi foi considerada a maior do nortenordeste do Brasil, com uma extensão de 550 metros.

Após a construção da ponte, uma nova Estação Natal é inaugurada, em 2 de junho de 1917, localizada na Travessa Aureliano Ribeiro, no bairro da Ribeira. Juntamente com esta estação, foram inauguradas as oficinas localizadas ao lado do prédio administrativo da E.F.C.R.N, na Esplanada Silva Jardim, no bairro das Rocas.

 

Estrada de Ferro Sampaio Correia

 

Através do decreto lei nº 1.475, de 3 de agosto de 1939, a "Great Western" foi arrendada pela Estação de Ferro Central do Rio Grande do Norte. A partir do dia 5 de novembro de 1939, a linha férrea, que ligava Natal ao município de Nova Cruz, passa a circular sob o comando da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.

Futuramente, o sistema ferroviário passaria a se chamar Estrada de Ferro Sampaio Correia, em homenagem ao engenheiro responsável pelo projeto da via férrea. Em 1957, a Estrada Sampaio Correia tornouse uma das 18 ferrovias regionais que compunham a Rede Ferroviária Federal (RFFSA), sociedade de economia mista, controlada pelo Governo Federal e vinculada ao Ministério dos Transportes, transportando mais de 80 milhões de toneladas de carga por ano. O sistema ferroviário gerido pela RFFSA tinha papel fundamental para o desenvolvimento de diversos setores da economia brasileira.

Nos anos seguintes, a Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) juntamente com Empresa de Engenharia Ferroviária S.A. (ENGEFER) dariam origem à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que passaria a realizar o transporte de passageiros.

 

Você sabia que só era possível atravessar a ponte sobre o Rio Potengi de trem?

 

Em um primeiro momento, a ponte foi construída apenas com o intuito de viabilizar a travessia do trem sobre o Rio Potengi. Porém, com o passar do tempo, uma alternativa foi criada sobre os trilhos para viabilizar a passagem dos automóveis, que começavam a circular pela cidade.

A curiosidade dessa alternativa é que somente um carro poderia passar sobre a ponte de cada vez.


Fonte: Portal CBTU