- Meu Deus! Meu
Deus!- Possa o sangue do mártir remir o crime do presbítero! E, largando o franquisque(machado
de guerra) levou as mãos ao capacete de bronze e arrojou-o para longe de si. Muguite,
cego de cólera, vibrava a espada: o crânio do seu adversário rangeu, e um jorro de sangue salpicou as faces
do sarraceno. Como tomba o abeto(árvore) solitário da encosta ao passar do
furacão, assim o guerreiro misterioso do Críssus(rio) caía para não mais se
erguer!... (Eurico, o
Presbítero: Alexandre Herculano
1810/1877: Romantismo Português.)
Teria sido um
martírio?
O Padre José Luiz
Cerveira, mesmo convicto e ciente das suas obrigações religiosas, parte para uma querela
desnecessária e quase suicida contra vizinhos de terra, nas Lages. Adentrando numa
senda perigosa e, ao mesmo tempo, indo de encontro a sua ruína.
Fato esse, inusitado,
que permeia pela ignorância que imperava no inicio do século 20, não poderia
ter acabado de maneira diferente. A não ser num incidente de dimensões catastróficas para a recém fundada cidade (vila)
de Santo Antônio.
A paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Santo Antônio/RN conta que o famoso e sombrio crime aconteceu (segundo fontes da própria igreja) em 25 de fevereiro de 1904.
“O Padre Cerveira se
dirigiu com destino a Lages (Distrito de Santo Antônio- RN) a fim de mandar
derrubar um cercado que havia sido construído por Joaquim Clemente, com madeira
tirada numa mata pertencente ao Padre. O Padre foi acompanhado por diversos
trabalhadores. Ali chegando, apareceram Joaquim Clemente e seus dois filhos,
Joaquim e João. Um de seus filhos pediu ao sacerdote que não mandasse derrubar
a cerca. Como o Padre não atendeu à
solicitação, ele vibrou uma facada no seu estômago, e derrubou-o do cavalo em que estava montado,
como se isso não bastasse, os três precipitam-se, sobre o Padre e vibraram-lhe
várias outras facadas; o sacerdote expirou imediatamente. Um dos presentes que
era afilhado e amigo do vigário, tentou socorrê-lo, porém foi igualmente
assassinado.
Os criminosos foram
capturados imediatamente. Padre Cerveira era Português e contava com 69 anos e
era também Médico homeopata, empregava o sistema Hahnemann(Do alemão Samuel
Christian Friedrich Hahnemann) e aplicações hidroterápicas, fez numerosas curas
em pessoas pobres de sua freguesia”.
O assassinato do
Padre Cerveira atravessou gerações e hoje, no local do crime, encontra-se um
famoso, e ao mesmo tempo , esquecido
cruzeiro erguido em sua homenagem e que lembra aquele terrível e
singular episódio de nossa história. E atualmente temos uma rua em sua
homenagem: Rua Padre Cerveira(antiga Rua do
Motor).
Segundo o
proprietário atual, O Senhor Luíz Maia, sempre aparecem devotos, religiosos e
também curiosos de várias cidades do RN e PB; e até de outros estados,
colocando sobre o cruzeiro, objetos: terços, pequenas relíquias, muletas,
imagens de santos em geral, velas, etc. Todos para pagarem as promessas de
bênção e graça, segundo eles, alcançadas.
Na minha opinião
merecia ser erguida uma pequena capela no local e ser construído um melhor
acesso, para melhor servir aos
peregrinos que se desloca ao local para fazer e pagar as sua promessas. Lute
por esse justo espaço religioso! Memória da nossa História. E ao mesmo tempo
visite-o, vale a pena conhecer.
Caminho ao santuário
Por Claudianor D. Bento
Produzi essa matéria no início do ano passado. A pedidos, resolvi republicar.
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