Carlos Fuentes Foto: Getty Images
O escritor mexicano
Carlos Fuentes, 83, morreu nesta terça-feira (dia 15) na Cidade do México. A
informação foi confirmada à agência Efe por fontes do hospital Angeles
Pedregal, onde estava internado.
Nascido na Cidade do Panamá em 11 de novembro de
1928, Fuentes vivia no México desde a sua adolescência.
Escreveu romances como "A Região mais
Transparente" (1958) e " A Morte de Artemio Cruz" (1962). Ganhou
os prêmios Cervantes (em 1987) e Príncipe de Astúrias (em 1994) e era um dos
mais famosos autores mexicanos.
"Lamento profundamente o falecimento do nosso
querido e admirado Carlos Fuentes, escritor e mexicano universal. Descanse em
paz", disse o presidente do México, Felipe Calderón, pelo Twitter.
Sua última entrevista foi concedida de Buenos Aires,
onde estava, ao jornal espanhol "El PaÍs" e publicada nesta
segunda-feira (dia 14). Fuentes diz: "Meu sistema de juventude é trabalhar
muito, ter sempre um projeto em andamento. Agora terminei um livro, 'Federico
En Su Balcón', mas já tenho um novo, 'El Baile Del Centenário', que começo a
escrever na segunda-feira, no México".
Atuação política
Além de renomado como artista, Fuentes era conhecido
por sua atuação política. À revista "Tiempo Mexicano", em 1972, ele
disse: "O que um escritor pode fazer politicamente deve fazer também como
cidadão. Em um país como o nosso o escritor, o intelectual, não pode ser alheio
à luta pela transformação política que, em última intância, supõe também uma
transformação cultural".
Um exemplo de como Fuentes fazia questão de se
posicionar politicamente aconteceu em Paris, em 1992, durante evento de
comemoração dos 500 anos da descoberta da América. A Europa assistia, como
agora, a uma onda de xenofobia - o Tratado de Maastricht (que determinava a
União Europeia) havia sido assinado em fevereiro daquele ano. Fuentes então
começou seu discurso dizendo: "Nós só estamos aqui hoje porque vocês
estiveram lá".
Em um de seus romances mais recentes, "A
Cadeira da Águia" (2002), Fuentes recorre à literatura epistolar para
descrever de perto as manobras políticas ao redor de uma sucessão presidencial
no México e as perversões do poder.
Mas também estendeu suas críticas fora do país, como
"A Fronteira de Cristal", que fala dos mexicanos que migram
ilegalmente aos Estados Unidos em busca de emprego.
As opiniões de Fuentes eram comumente destacadas na
imprensa nacional e internacional, em entrevistas concedidas aos meios de
comunicação ou em seus artigos jornalísticos.
Suas inquietudes políticas afloraram na juventude.
Quando esteve radicado no Chile, durante a Segunda Guerra Mundial, participou
em protestos de rua e, depois, ao voltar aos estudos em Washington, conviveu
com alunos judeus alemães exilados.
Com o triunfo da revolução cubana de Fidel Castro
enquanto Fuentes morava no México, o escritor viajou de imediato à ilha
caribenha em apoio a esse governo.
Diplomata e professor
Além de escritor, Fuentes foi diplomata - carreira
iniciada em 1965. Serviu em cidades como Londres e Paris. Além disso, foi
professor visitante em instituições como a Universidade de Cambridge, no Reino
Unido.
Publicou sem primeiro romance quando tinha 30 anos:
"A Região Mais Transparente", que recebeu inúmeros elogios pela forma
como descrevia a multifacetada cultura mexicana. Tornou-se amigo pessoal de
outro gigante da literatura latina: o colombiano Gabriel García Márquez,
Teve várias de suas obras traduzidas no Brasil, como
"O Espelho Enterrado", "Adão no Eden", "Carolina
Grau", "A Cadeira da Águia", "Inquieta Companhia",
"Em 68", "Contra Bush", "Os Anos com Laura Diaz",
"Gringo Velho", "Eu e os Outros Ensaios Recolhidos",
"Instinto de Inez", além de "A Vontade e a Fortuna", seu
último romance, de 2008.
Fuentes teve três filhos - um deles, Cecilia Fuentes
Macedo, permanece viva.
* Com EFE, Valor Online e Reuters
Fonte: IG.COM
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