domingo, 26 de fevereiro de 2012

Oscar 2012: Neste domingo, Brasil tem 50% de chance de ganhar seu primeiro Oscar


Será que vai dar "O Artista"? Scorsese e "A Invenção de Hugo Cabret"? "Os Descendentes"? Para os brasileiros, a briga pelo principal prêmio do Oscar 2012, na noite deste domingo (26), não será por melhor filme, e sim em outra categoria. Carlinhos Brown e Sergio Mendes, em parceria com a americana Siedah Garrett, disputam com "Real in Rio", da animação "Rio", a estatueta de melhor canção original.
Carlinhos Brown e Sergio Mendes: representantes do Brasil no Oscar 2012


O Brasil já concorreu antes ao Oscar, mas nunca teve tanta chance de levá-lo para casa. É que, graças a uma fórmula estranha da Academia de Hollywood, os brasileiros só terão um adversário, a música "Man or Muppet", de "Os Muppets". Verdade que a maioria absoluta dos sites especializados aponta a vitória das marionetes, mas ainda assim a probabilidade de uma virada é de 50%.
A decepção fica por conta da ausência dos números musicais. Um dos momentos mais tradicionais da festa, a apresentação ao vivo dos indicados a melhor canção foi cortada para diminuir o tempo da transmissão. Carlinhos e Sergio Mendes, portanto, perdem um janela para o mundo inteiro vê-los.
A expectativa pelos ganhadores vai chegar ao fim às 22h, para quando está marcado o início da cerimônia no Hollywood & Highland Center (novo nome do Teatro Kodak). A festa será transmitida no país ao vivo pelo canal pago TNT, e depois do programa "Big Brother Brasil" pela rede Globo. Você poderá acompanhar tudo em tempo real aqui no iG: a repercussão, os astros no tapete vermelho e todos os premiados os Oscar 2012.
Estrelas não vão faltar: Natalie Portman, Colin Firth, Christian Bale e Melissa Leo, ganhadores dos prêmios de interpretação em 2011, estarão de volta no palco para entregar estatuetas. A lista, grande, continua com Tom Cruise, Penélope Cruz, Cameron Diaz, Michael Douglas, Angelina Jolie, Emma Stone, Tom Hanks, Halle Berry, Zach Galifianakis e Milla Jovovich, entre muitos outros.
Depois da performance desastrosa de James Franco e Anne Hathaway no ano passado e da desistência de Eddie Murphy, Billy Crystal ficou com o cargo de apresentador – pela 9ª vez. Aos 63 anos, o comediante é a escolha "comida saudável" para a função – "saboroso, familiar e não muito picante", como disse o colunista de cinema da Entertainment Weekly, Dave Karger.
Coprodutor da 84ª edição do Oscar, Don Mischer comparou Crystal com o desbocado britânico Ricky Gervais, que apresentou o Globo de Ouro (e decepcionou). "Ricky é entretenimento e tal, mas não acho que o Oscar seja lugar para ser mal humorado, nem para pegar pesado com as pessoas."
Apesar da escolha ser considerada conservadora, não é ao acaso. Na última vez em que Billy Crystal apresentou o Oscar, em 2004, a audiência foi de 43,6 milhões de espectadores nos Estados Unidos, marca que nunca mais foi alcançada. Se os números deste ano superarem os do ano passado, a rede ABC, responsável pela transmissão da festa, já vai comemorar.

E eles bem que estão tentando. Sisuda, a Academia de Hollywood mudou de ideia e deixou o comediante britânico Sacha Baron Cohen ir à cerimônia vestido como o personagem de "O Ditador". Inicialmente, a entidade tinha pensado até em banir o ator da festa, mas, diante da repercussão da notícia, voltou atrás e deu um par de convites para Baron Cohen, famoso por seu humor politicamente incorreto e postura nada discreta nos eventos em que comparece.

"O Artista" é o franco-favorito
No total, nove longas concorrem ao Oscar de melhor filme – por uma mudança nas regras da Academia, ao invés de dez filmes, só foram indicados os longas que obtiveram no mínimo 5% dos votos na primeira posição (entenda o processo aqui). O líder de indicações, com 11, é "A Invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese, uma declaração de amor em 3D à história do cinema, através de um órfão que vive numa estação de trem na Paris da década de 1930.
Scorsese até está cotado para o prêmio de melhor diretor, mas deve ser ofuscado pela febre "O Artista", que concorre em 10 categorias. Sem diálogos e em preto e branco, a produção francesa se passa na Hollywood dos anos 1920, na transição do cinema mudo para o falado. Adorável (crédito do cãozinho Uggie) e emocionante, o longa foi o grande protagonista da temporada de prêmios e provavelmente ganhará as principais estatuetas da noite, entre elas filme e direção (Michel Hazanavicius).
O francês Jean Dujardin disputa cabeça a cabeça com George Clooney ("Os Descendentes") pelo prêmio de melhor ator. Uma das categorias mais indefinidas deste ano, só se saberá o resultado na noite da festa. Clooney também concorre a melhor roteiro adaptado por "Tudo pelo Poder", que também dirigiu. Ainda na briga de ator estão Brad Pitt ("O Homem que Mudou o Jogo"), o mexicano Demián Bichir ("Uma Vida Melhor") e Gary Oldman ("O Espião que Sabia Demais").
Entre as atrizes, a disputa também está polarizada entre duas concorrentes. Viola Davis, que interpreta uma emprega negra em "Histórias Cruzadas", assumiu o favoritismo depois da vitória no Sindicato dos Atores, considerada a prévia mais importante. Meryl Streep, indicada 17 vezes ao Oscar, fez um trabalho fenomenal como a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher em "A Dama de Ferro", mas o filme não é tão simpático como "Histórias Cruzadas", um drama racial no sul dos EUA da década de 1960.
"Numa disputa apertada, a academia vai para a atuação que mais lhe comoveu", aponta Dave Karger. "Sim, Meryl teve uma grande atuação, mas é Viola Davis que tem a carga emocional."
Michelle Williams corre por fora como a Marilyn Monroe de "Sete Dias com Marilyn", assim como a novata Rooney Mara em "Os Homens que Não Amavam as Mulheres", e Glenn Close, caracterizada como homem, no modesto "Albert Nobbs".
Início pode ditar ritmo da noite
Se há alguma dúvida entre os protagonistas, nas categorias de coadjuvantes não há qualquer expectativa se não a vitória de Christopher Plummer, como um idoso gay em "Toda Forma de Amor", e de Octavia Spencer em "Histórias Cruzadas". Se ganhar, Plummer, aos 82 anos, será o ator mais velho já premiado pela Academia – seu principal oponente, aliás, é o sueco Max von Sydow, de "Tão Forte e Tão Perto", também de 82 anos.
Concorrendo a melhor diretor e roteiro original por "Meia-Noite em Paris", Woody Allen ultrapassou Billy Wilder ao ser indicado pela sétima vez ao mesmo tempo nas duas categorias. Embora deva perder o prêmio de direção para Hazanavicius, Woody provavelmente levará para casa a estatueta de roteiro. Isso se derrotar o iraniano "A Separação", favorito a filme estrangeiro, e, sempre ele, "O Artista".
Especialistas apontam que as primeiras categorias da festa já darão pistas sobre o grande vencedor da noite. Se "O Artista" começar a acumular troféus em quesitos técnicos, como figurino e fotografia, terá mais chances de sair aclamado. Se não, o ganhador de melhor filme ficará em suspense até que o último envelope seja aberto.
"Pode ser um ano interessante", disse à Reuters David Poland, do site Movie City News. "A outra coisa é que pode ser exatamente o que todos estão esperando."
O ganhador inconteste, no entanto, é Harvey Weinstein, responsável pela produção e distribuição dos concorrentes mais importantes. Por trás do sucesso de "O Discurso do Rei" no ano passado, é ele também o grande divulgador de "o Artista" na indústria hollywoodiana, sem contar seu papel em "A Dama de Ferro", "Sete Dias com Marilyn" e "W.E. - O Romance do Século", de Madonna. Se alguém certamente sairá com algum prêmio, mesmo nos bastidores, esse alguém é ele.



* com Reuters e AFP

Fonte: IG.COM

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