O candidato
socialista François Hollande é o presidente eleito da França, após desbancar o
atual mandatário conservador Nicolas Sarkozy no segundo turno da votação, neste
domingo. Com o resultado, o país europeu volta a ter um presidente socialista
após 1995, quando François Mitterrand saiu do palácio do Eliseu.
O Ministério
do Interior francês declarou a vitória de Hollande por volta das 0h50 locais de
segunda-feira (19h50 de domingo em Brasília). Com 99% das urnas apuradas, o
socialista teve 51,7% dos votos válidos, contra 48,3% de Sarkozy.
Pouco antes da divulgação do
resultado oficial, Hollande discursou para militantes socialistas em frente à
praça da Bastilha, na capital Paris, local de comemoração das vitórias do
partido. No ato, agradeceu o apoio e voltou a dizer que os franceses
"escolheram a mudança".
"Eu escutei o grito de mudança de vocês para ser o seu
presidente da República. É o tempo para reparar, recuperar e unir a França.
Essa não é uma vitória de vingança, rejeição e amargura", afirmou
Hollande.
"Vocês são muito mais que um povo que quer a mudança, são um
movimento que se levanta por toda a Europa e, talvez, por todo o mundo para
promover nossos valores, nossas aspirações e nossas exigências de
mudança".
O socialista ainda pediu que os militantes continuem mobilizados.
"Há muito o que fazer nos próximos meses, e para começar, dar a maioria ao
presidente da República", disse Hollande, referindo-se às eleições
legislativas de 10 e 17 de junho.
Com essa virtual vitória, ele se torna o segundo presidente
socialista da Quinta República Francesa fundada pelo general Charles De Gaulle
em 1958, depois de François Mitterrand, chefe de Estado de 1981 a 1995.
AUSTERIDADE
Mais cedo, em seu primeiro discurso como presidente eleito da
França, Hollande afirmou que diminuirá as medidas de austeridade propostas pela
União Europeia para diminuir a dívida pública. As declarações foram feitas na
cidade de Tulle, região central da França.
"A austeridade já não é mais inevitável", afirmou
Hollande. "A austeridade fiscal na Europa não pode ser uma
fatalidade".
O socialista também afirmou que os franceses "escolheram a
mudança", em referência ao adversário conservador, que tentava a
reeleição. "Estou feliz por ter trazido de volta a esperança".
"Comprometo-me a servir
meu país com a entrega e o modo exemplar que requerem a função", em
discurso em Tulle, no centro da França, antes de viajar ao comitê central na
capital Paris. "Quero ser o presidente de todos. Somos apenas uma nação,
que vive com justiça, liberdade e igualdade".
Hollande ainda garantiu a recuperação dos serviços públicos, como
saúde e educação.
VITÓRIA
O socialista venceu o segundo turno das eleições para o Palácio do
Eliseu, neste domingo. O presidente conservador Nicolas Sarkozy reconheceu a
derrota para o adversário, que assumirá o cargo em 15 de maio.
Em discurso a seus partidários, Sarkozy já admitiu a derrota para
o socialista e afirmou que ligou para Hollande, desejando-lhe "boa
sorte".
"Aceito essa derrota por causa dessa França aberta,
democrática", disse ele, aclamado aos gritos de "Nicolas,
Nicolas" por uma multidão em Paris.
"Tentei fazer o melhor
para proteger o povo francês. Apesar dos milhões que votaram em mim, nós
falhamos. Vocês me apoiaram, mas não tivemos êxito", acrescentou.
PARLAMENTARES
Sarkozy ainda pediu que o UMP, seu partido, permaneça unido para
as eleições parlamentares, acontecerão em junho. "Não se dividam,
permaneçam unidos. Temos que ganhar a batalha das legislativas", afirmou o
presidente em reunião fechada com partidários.
O chanceler francês do governo Sarkozy, Alain Juppé, foi o
primeiro ministro a se manifestar sobre o pleito, e voltou a dizer que o foco
do partido serão as eleições legislativas.
"Sarkozy fez uma campanha magnífica. Os milhões de franceses
que votaram nele merecem essa consideração. Nós não o abandonamos, voltaremos
na batalha das legislativas".
Neste domingo, o instituto BVA
divulgou uma pesquisa que aponta nova vitória para os socialistas nas eleições
parlamentares, com 46% das intenções de voto, oito pontos a mais que em 2007 e
seis a mais que em 2002, mostrando a dificuldade dos conservadores no pleito.
O UMP, partido de Sarkozy, chegaria a 33%, 13 a menos que o
conseguido em 2007 e dez a menos em relação a 2002. A extrema direita, de
Marine Le Pen, chegaria a 17%, aproximando-se do percentual que conseguiu a terceira
colocada na eleição presidencial.
A pesquisa foi feita com 1.016 pessoas após o fechamento dos
colégios eleitorais. O levantamento aponta também que a secretária do Partido
Socialista, Martine Aubry, é favorita para ser a próxima primeira-ministra
francesa.
Fonte: Folha.Com
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