Em meio à crise econômica mundial, a agência de classificação Standard & Poor's informou nesta quinta-feira (17) que elevou a nota de risco soberano de longo prazo do Brasil de BBB- para BBB. A nota de classificação de risco de uma empresa ou país, o "rating", é uma opinião sobre a capacidade desses agentes saldarem seus compromissos financeiros. A elevação da classificação significa que a agência considera que o país está mais seguro para se investir.
Em nota, a Standard & Poor's disse que a classificação do país foi elevada devido à decisão do governo de segurar os gastos públicos e abrir espaço para a redução dos juros pelo Banco Central a partir de agosto. Segundo a agência, isso vai "moderar o impacto de choques externos [no Brasil] e sustentar boas perspectivas para o crescimento de longo prazo".
A agência elogiou a atuação do governo no combate a inflação, citando a alta dos juros nos primeiros meses do ano e outras medidas adotadas desde dezembro para encarecer o crédito no país. A Standard & Poor's também considerou positivo que o governo tenha optado pela redução dos juros quando o cenário externo se agravou, ao invés de aumentar os gastos públicos.
A agências observa que no próximo ano estão previstos mais gastos com investimentos e com o forte aumento do salário mínimo de cerca de 14%, mas acredita que ainda assim o governo deve manter as despesas sob controle.
Caso isso não ocorra e a inflação volte a subir, a economia brasileira pode se deteriorar, provocando uma redução da nota de risco do Brasil, ressalta a Standard & Poor's.
No mês passado, outra agência de classificação de risco, a Fitch, confirmou a nota de risco BBB do Brasil, com perspectiva estável. O rating BBB do Brasil foi obtido em abril, quando a Fitch elevou a nota soberana de crédito do país, que era BBB-.
Em agosto, a agência japonesa R&I Japan também elevou a nota do Brasil. A japonesa não é tida como uma das principais classificadoras de risco, mas a mudança representou o primeiro sinal de que outras agências também poderiam elevar suas notas depois de o país atingir grau de investimento, em 2008.
A agência Moody's também fez o mesmo movimento em junho passado ao elevar a nota brasileira de "Baa3" para "Baa2".
ENTENDA
Para publicar uma nota de risco de crédito, os especialistas dessas agências avaliam além da situação financeira de um país, as condições do mercado mundial e a opinião de especialistas da iniciativa privada, fontes oficiais e acadêmicas.
O "rating" é sempre aplicado a títulos de dívida de algum emissor. Se uma empresa quer captar recursos no mercado e oferece papéis que rendem juros a investidores, a agência prepara o "rating" desses títulos para que os potenciais compradores avaliem os riscos.
As agências, portanto, classificam debêntures, "medium-term notes", títulos de dívida conversível, mas não ações.
As três agências de classificação de risco de maior visibilidade são a Standard & Poor's, a Moody's e a Fitch Ratings.
Nenhum comentário:
Postar um comentário