Envio de cerca de US$ 100 milhões mensais à Autoridade Nacional Palestina foi suspenso após admissão na Unesco
Israel cumpriu a ameaça de suspender a transferência de repasses totalizados em US$ 100 milhões por mês à Autoridade Nacional Palestina (ANP), como resposta à admissão dos palestinos na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A confirmação veio de autoridades dos dois lados ouvidas pela Associated Press nesta quinta-feira.
O pedido palestino para integrar à Unesco, votado na segunda-feira, é parte de uma campanha para ganhar o reconhecimento de seu Estado independente na ONU, desafiando os Estados Unidos e Israel, que são contra a medida.
Israel disse que iria suspender em caráter punitivo a transferência mensal de cerca de US$ 100 milhões em taxas alfandegárias e impostos de renda que recolhe todo mês em nome do palestinos e entrega ao governo da Cisjordânia.
Nesta quinta, autoridades palestinas afirmaram que Israel não fez a transferência deste mês. Os fundos, geralmente, são enviados nos primeiros três dias de cada mês. Um oficial afirmou que Israel iria "temporariamente reter" a tranferência de dinheiro.
Os fundos são importantes para a ANP, que emprega centenas de palestinos. O corte ocorre a apenas poucos dias do feriado muçulmano. O primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, disse que fez empréstimos em bancos locais para ter certeza que os funcionários serão pagos antes do feriado.
Como resposta à inclusão da Palestina, Israel também aprovou a construção de 2 mil casas em áreas ocupadas de Jerusalém, e os assentamentos de Ma'aleh Adumim e Gush Etzión, estes últimos na Cisjordânia.
Retaliações à Unesco
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ordenou nesta quinta-feira a suspensão das contribuições de seu país à Unesco. A informação foi divulgada em comunicado oficial do governo. "O primeiro-ministro ordenou congelar a contribuição de Israel ao orçamento da Unesco, que chega a US$ 2 milhões."
A respeito da decisão da Unesco aceitar a Palestina como membro da organização, o gabinete de Netanyahu considera que "iniciativas como essa não fazem avançar o processo de paz", afirma o comunicado. "O único caminho para alcançar a paz é através de negociações sem condições prévias."
Assim como Israel, os EUA votaram contra a admissão palestina, e no mesmo dia eliminaram os fundos que entregariam para a organização, neste caso, uma quantia superior a US$ 60 milhões dos US$ 80 milhões que destina anualmente.
Ao justificar a decisão de Washington, a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, disse que a votação desta segunda-feira ativa uma legislação dos anos 1990 que obriga um corte completo de financiamento americano a qualquer agência da ONU que aceite os palestinos como membro pleno antes de que seja alcançado um acordo de paz israelo-palestino. A Unesco depende dos EUA para 22% de seu orçamento.
Depois de ganhar a aprovação da Unesco, os palestinos afirmaram pretender procurar a admissão em outras agências da ONU, em meio à campanha de reconhecimento de Estado. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou que "milhões" de beneficiários ao redor do mundo poderiam sofrer cortes de fundos da ONU se os palestinos entrarem em outra agência além da Unesco.
"Eu acho que seria mais fácil para o senhor Ban Ki-moon pedir para o Congresso (dos EUA) mudar suas leis", disse Saeb Erekat. "Eu não acho que a admissão palestina à qualquer agência trará algum mal."
O chanceler palestino Riad Malki disse que não haviam planos imediados para entrar em outras agências da ONU. Em vez disso, a atenção deles estaria voltada ao pedido palestino para ser reconhecido como Estado pelo Conselho de Segurança no final do mês. Os EUA já anunciaram que vetarão a medida.
Com AFP, AP e EFE
Fonte: IG.COM
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