Albert Einstein tenta explicar a falta de gênios nos tempos atuais. Em parte, as redes sociais são a culpadas. “Você começa a seguir alguém que considera genial e em poucos posts a pessoa se revela uma besta”, diz ele em seu blog.
Mas ressalta outros pontos: ninguém mais liga para grandes ideias. Além disso, há um “uso indiscriminado desse qualificativo”. O amor foi banalizado.
Einstein também faz um triste depoimento: ser gênio é bom só para o consumo dos outros. Confira o conteúdo completo em Blogs do Além.
Dia desses, um artigo no New York Times me chamou a atenção. Também pudera, o texto tinha como ilustração aquela maldita foto onde apareço de língua de fora. Falo maldita porque na ocasião em que foi clicada, quis apenas estragar os instantâneos dos paparazzi que me importunavam, mostrando a língua a eles. O efeito foi o contrário. Acabei por alimentar ainda mais a imagem de gênio irreverente, distraído e não preso às convenções. Cristalizei o mito que nunca gostei de encarnar. Mas já não reclamo mais. Se isso anima as plateias, tudo bem. Com base nesse episódio, cheguei à seguinte formulação: Entretenimento é igual a mentira vezes casualidade ao quadrado. E= mC2.
Mas voltando ao artigo do NYT, nele Neal Gabler sustenta que as ideias não são mais o que eram antes. As atuais não incendeiam debates, não incitam revoluções nem alteram a maneira como vemos e pensamos o mundo. Há uma falta de gênios públicos. Gabler não acha que as mentes de hoje sejam inferiores às das gerações passadas. O problema não é de burrice. A questão é que ninguém dá a mínima para as grandes ideias. Prestamos atenção só naquelas que podem ser monetizadas. Daí o fascínio pelos empreendedores da web. Para Garber, a Era da Informação transformou todos em acumuladores de fatos e não em pensadores. Maldita internet.
Não discordo por completo do articulista. E acrescento outros aspectos. Em parte, a falta de gênios se deve às redes sociais. Você começa a seguir alguém que considera genial e em poucos postsa pessoa se revela uma besta. Não há mito que resista à proximidade e ao excesso de microfone. A exaltação aocrowdsourcing, modelo de produção que utiliza a inteligência e os conhecimentos coletivos e voluntários espalhados pela internet, também dilui a importância e a aparição das grandes cabeças. O problema do crowdsourcing é que ele não rende boas estátuas. Os parques não estão preparados para monumentos tão grandes. Além disso, o único gênio desses esquemas colaborativos é o cara que faz o grupo todo trabalhar de graça em seu benefício.
Outro fator que dificulta a identificação de gênios é o uso indiscriminado desse qualificativo. Chama-se de gênio o DJ de fim de semana, a segunda voz da dupla sertaneja, o sujeito que desenhou um novo furador de coco. Há até técnico de futebol, sem grande expressão, que atende pela alcunha de Geninho. O amor sofre do mesmo mal. Esse sentimento, antes elevado e raro, banalizou-se. Amam-se bolsas, cachorros, dietas e tablets. Não amo muito tudo isso.
Mas há uma questão que Glaber não considera. Ser gênio é bom só para consumo dos outros. Viver como um não é tão delicioso. Não falo só da dificuldade de se relacionar com as coisas mundanas e calçar as meias de uma mesma cor. A genialidade é uma anomalia, uma doença cujos sintomas externos enganam: fama, poder e admiração. No entanto, esse estágio, na maioria das vezes, só é alcançado depois da morte ou nos estertores da vida. Quando ela é precoce, se consume ou é consumida rapidamente. O gênio é visionário e como tal passa boa parte da sua carreira na incompreensão. As grandes mentes, em geral, são acompanhadas de obsessões, compulsões, manias e comportamento antissocial. A lista de perturbados pela sua própria genialidade é enorme. Bach, Munch, Michael Jackson, Kant, Santos-Dumont, Marlon Brando, Nietzsche, Van Gogh e Dostoievski, só para citar alguns.
Espero que o último parágrafo tenha lhe servido de consolo e faça você retornar ao Facebook aliviado e sem culpa.
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