sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Tese de que explosões no Irã foram 'sabotagem' ganha força em Israel


Depois das explosões em uma base militar próxima a Teerã e na região da instalação nuclear de Isfahan, crescem as especulações em Israel sobre uma suposta sabotagem por parte de agências de inteligência contra o programa nuclear iraniano.
Nos últimos dias os principais veículos de comunicação em Israel têm dado destaque a boatos e especulações sobre supostos atos de sabotagem que teriam provocado as recentes explosões no Irã.
As explosões podem ter afetado significativamente o programa nuclear do país que, segundo o último relatório da AIEA (Agencia Internacional de Energia Atômica), tem fins militares.
A explosão, no dia 12 de novembro em uma base de mísseis a 45 quilômetros de Teerã, foi tão forte que o impacto foi sentido na capital iraniana.
Ao todo, 17 militares iranianos morreram no incidente, qualificado por Teerã como "acidente". Entre os mortos está o general Hassan Moghaddam, chefe do projeto de desenvolvimento de mísseis do Irã.
De acordo com analistas militares, a explosão causou a destruição de uma grande quantidade de mísseis de longo alcance, do tipo Shihab, que também teriam a capacidade de levar uma bomba nuclear.
A segunda explosão, no dia 28 de novembro, ocorreu na região da instalação nuclear de Isfahan, onde é realizado o enriquecimento de urânio.

'LUTA SIGILOSA'
Para o analista de assuntos de Inteligência do jornal Haaretz, Yossi Melman, "a luta sigilosa entre agências de inteligência ocidentais e Teerã já começou, e é uma luta que não deixa impressões digitais - mas os resultados são claros".
Melman também menciona o ataque cibernético à indústria nuclear iraniana, em 2010, quando um vírus denominado Stuxnet causou danos ao sistema de computadores em Natanz.
Para o analista, "existe uma ligação clara" entre os três ataques, pois os alvos seriam parte fundamental do programa nuclear iraniano.
Melman cita fontes estrangeiras que atribuem ao Mossad, à CIA americana e ao MI6 britânico a possível autoria da sabotagem.
O analista do canal 10 da TV israelense, Nadav Eyal, chega a afirmar que a "guerra contra o Irã já começou".
Para Eyal, o recente ataque à Embaixada britânica em Teerã já seria uma represália do governo iraniano aos ataques sigilosos.
'MAIS FREQUENTES'
O governo israelense não confirma nem nega envolvimento nos ataques, mas logo depois da explosão em Teerã, o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse: "Tomara que (esses ataques) se tornem mais frequentes".
Em entrevista à radio Kol Israel, o ex-embaixador americano em Israel, Martyn Indik, afirmou que a estratégia de sabotagem contra o Irã pode ser "mais eficaz do que bombardeio aéreo e sanções, pois não deixa impressões digitais".
Moshe Yaalon, ex-chefe do Estado Maior do Exército israelense e atual ministro para assuntos estratégicos, afirmou que as instalações nucleares iranianas estão "sob a mira" de agências de Inteligência ao redor de mundo e que "de fato, a guerra contra o Irã já começou".
Para Soli Shahvan, diretor do Instituto de Estudos Iranianos da Universidade de Haifa, o governo iraniano se viu obrigado a afirmar que as explosões foram acidentais, porque se admitisse que as instalações mais sigilosas e estratégicas do país foram atingidas por ataques estrangeiros, "poderia expor a fraqueza do regime e uma possivel colaboração interna com agências estrangeiras".




Fonte: Folha.Com

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