Imagem mostra em amarelo os possíveis depósitos de gelo nas crateras com escuridão permanente, em Mercúrio
Foto: Nasa/Divulgação
Foto: Nasa/Divulgação
Observações da sonda Messenger, lançada pela Nasa em 2004,
indicam que o polo norte do planeta Mercúrio, o mais próximo do Sol, tem água -
e em estado sólido. Observações anteriores já indicavam a presença da
substância, mas a nova pesquisa dá resultados mais fortes nesse sentido. O
estudo foi divulgado na revista especializada Science, da Associação Americana
para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês).
Chama a atenção que um corpo com temperaturas muito
superiores às da Terra consiga ter gelo, mas, segundo os cientistas, isso é
explicado pela localização onde a substância foi encontrada. A rotação de
Mercúrio é quase perpendicular a sua órbita, ou seja, no polo norte, o Sol
seria visto sempre próximo do horizonte. Isso faz com que o interior das
crateras da região nunca recebam radiação solar (e elas não recebem o calor do
Sol há milhões, algumas há bilhões de anos) e tenham temperaturas muito baixas,
comparáveis às das frias luas de Júpiter.
Observações anteriores, feitas com telescópios na Terra,
indicavam a presença de depósitos de água quase pura em estado sólido. Baseado
nesses dados, foram feitos modelos de temperatura do planeta que indicavam os
locais onde haveria gelo na superfície e onde ele estaria pouco abaixo da
superfície.
Se o gelo aparente existe, ele deve brilhar mais que o
material ao seu redor. Contudo, o problema é a área ser de escuridão
permanente. O que os cientistas fizeram foi usar a Messenger para mandar pulsos
de laser em pontos na superfície do planeta e medir o reflexo do sinal que
retornava. Foram feitas mais de 2 milhões de medições de reflexo, além de 4
milhões de medições topográficas do polo norte do planeta entre março de 2011 e
abril de 2012. Os resultados indicaram diversas crateras que podem ter água em
estado sólido, em especial uma chamada de cratera Prokofiev.
Em outro experimento, os cientistas usaram um espectrômetro
de nêutrons, aparelho que consegue encontrar com precisão hidrogênio, principal
constituinte da água. Este descobriu locais que combinam com depósitos de água
presos a poucos centímetros abaixo da superfície. O material acima do gelo,
afirmam os cientistas, é extremamente escuro e, pelo que sabemos do Sistema
Solar, pode ser um material orgânico complexo, parecido com os encontrados em
asteroides e cometas.
"Então, nós temos o espectrômetro de nêutrons, que
indica que o material tem grande quantidade de hidrogênio que é consistente com
água em gelo; temos o modelo térmico (...); e temos a reflexão que indica que
de fato o gelo está presente apenas nas regiões mais frias", diz ao
podcast da Science Sean C. Solomon, do Instituto Carnegie e da Universidade de
Columbia, ambos em Nova York, e um dos autores do estudo.
Sobre o material que cobre alguns dos depósitos de gelo,
Solomon diz que sabemos apenas que ele é muito pouco reflexivo e está estável
em baixa temperatura. "Se olharmos para o Sistema Solar, quais materiais
têm pouco reflexo e são estáveis a apenas temperaturas muito baixas? A resposta
é: ricos materiais orgânicos (...) que são comuns em cometas e asteroides.
(...) A hipótese é que a água e o material escuro foram entregues pelos mesmos
objetos, que impactaram em Mercúrio. Uma mistura de cometas e asteroides que
são ricos em materiais orgânicos e voláteis, como água."
Fonte: Portal terra.com
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