Nova tecnologia permite a policiais acoplar câmeras a seus óculos para operações de rotina
Estado americano de Utah
A ideia partiu da polícia de
Salt Lake City, no Estado americano do Utah, segundo a qual os policiais
poderão, a partir de agora, gravar qualquer interação com o público quando
estiverem em ação.
Segundo o chefe de polícia
local, os dispositivos são feitos de maneira a impedir os agentes de editar as
imagens e, assim, assegurar a transparência das operações.
Transparência
Conhecidos como Axon Flex,
essas ferramentas tecnológicas pertencem a uma empresa americana e são uma
versão mais avançada dos sistemas de vídeo já utilizados por cerca de 274
departamentos policiais em todo o país.
"Todos os nossos
agentes estão usando a câmera mais avançada diariamente", disse o
comandante Scott Schubert, da Polícia de Pittsburgh.
Ao contrário das câmeras
posicionadas na frente do carro, as câmeras instaladas nos capacetes e nos
óculos acompanham o agente a todo instante e registram tudo o que ele vê.
"Eu acho que é um ótimo
recurso, pois fornece transparência e ajuda a garantir a responsabilidade dos
agentes e do público durante uma operação de rotina", disse Schubert.
"O dispositivo também
fornece informações valiosas que podem contribuir para a solução de um crime,
proteger oficiais de acusações falsas e ajudar a lidar com queixas envolvendo
policiais", acrescentou.
Busca da verdade
Outra vantagem desses
dispositivos, diz o capitão Erik Gieseke, da polícia de Burnsville, no Estado
americano de Minnesota, é a conveniência.
Segundo Gieseke, sua unidade
usa duas versões das câmeras desde 2010.
Ele explica que a mais
antiga pode ser usada em uma faixa na cabeça ou nos bonés dos policiais, como
um broche magnético. Já a mais avançada, acrescenta o capitão, também pode ser
adaptada aos óculos.
"As câmeras permitem
aos oficiais registrar os incidentes em que estão envolvidos, a fim de garantir
a verdade, e também dar-lhes uma ferramenta para apoiar suas ações, para
mostrar a série de dificuldades e desafios que enfrentamos", disse ele à
BBC.
"É também uma ótima
ferramenta para documentar provas na cena do crime, exatamente como vimos
quando chegamos ao local.", acrescentou.
Como outros dados recolhidos
pela polícia, a população também pode acessar as imagens, se necessário.
Segundo o fabricante, as
mesmas câmeras também estão sendo testadas na Austrália e na Nova Zelândia.
No Reino Unido, a polícia
também vem testando tecnologias similares.
Desde 2010, a polícia de
Grampian, em Aberdeen, na Escócia, usa as chamadas "câmeras de
corpo", instaladas em capacetes e coletes dos agentes.
Eles explicaram que, em uma
determinada ocasião, houve um incidente em que a tecnologia foi usada para
convencer uma mulher de que seu amigo não tinha sido agredido pela polícia.
Ameaça à Privacidade
A Associação dos Delegados
de Polícia no Reino Unido (ACPO, na sigla em inglês) não sabe dizer quantas
câmeras desse tipo estão instaladas no Reino Unido, mas Nick Pickles, diretor
do grupo ativista Big Brother Watch, demonstra preocupação com a proliferação
de tais aparatos tecnológicos.
"Estamos vendo a guarda
de trânsito e as autoridades da cidade usando cada vez tais tecnologia. É
triste que hoje praticamente todo o mundo seja visto como um suspeito em
potencial", disse ele.
"Esta é uma ferramenta
unilateral. Como os agentes da polícia reagiriam se fosse rotineiramente
filmados?", questionou.
Fonte: BBC Brasil
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