sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O futuro da Microsoft depende de um homem chamado Steven Sinofsky

Chefe da divisão responsável pelo novo Windows, Steven Sinofsky, tem a dura missão de colocar a empresa no multibilionário jogo da mobilidade, enquanto Apple e Google fazem de tudo para azedar os planos da rival. Um fracasso pode ser fatal.



No lançamento mais importante da Microsoft em décadas, poucas pessoas poderiam estar mais nervosas do que o americano Steven Sinofsky. Presidente da divisão Windows da companhia, é sobre os seus ombros que repousam o futuro da maior empresa de software do mundo. Ele é o responsável por criar o Windows 8, nova versão do sistema operacional mais usado em computadores, e o tablet Surface, mais radical investida da empresa no campo dos harwares. Ambos os produtos começaram a ser comercializados nesta sexta-feira, 26. “O Windows é a alma e o coração dessa companhia e sua nova versão é a coisa mais importante que fizemos nos últimos 17 anos”, tem repetido Steve Ballmer, CEO da Microsoft. Surpreendida pela veloz ascensão dos tablets a partir do lançamento do primeiro iPad em janeiro de 2010, a Microsoft correu, sob o comando de Sinofsky, ao longo dos últimos anos, para recuperar o espaço perdido. "É um produto absolutamente essencial", afirmou recentemente Bill Gates, cofundador da Microsoft e presidente de seu conselho de administração.


As falas de Ballmer e Gates dão uma boa ideia da responsabilidade de Sinofsky. Ainda assim, esse engenheiro, de 47 anos, ávido praticante de yoga e leitor voraz de livros de gestão, tem se mantido sereno até aqui. A aparente calma desse veterano executivo com 23 anos de serviços prestados à Microsoft não esconde, no entanto, o tamanho do desafio a sua frente. Durante um evento na China no início da semana passada, Sinofsky disse que “ao iniciar o Windows 8 os usuários terão uma experiência nova, diferente, mas melhor. E desenhada para o mundo moderno". O sucesso do Windows 8 é essencial para que a Microsoft, enfim, embarque no mercado móvel, de tablets e smartphones, hoje liderado por Apple, Google e Samsung. Já um retumbante fracasso agora, embora improvável, poderia ser fatal para as pretensões da companhia.


A Microsoft sabe disso. E aposta alto no novo produto, com gastos de marketing estimados em mais de US$ 1,5 bilhão, segundo a revista Forbes. Chris Capossela, chefe global de marketing da Microsoft, não desmentiu nem confirmou esse número. De acordo com dados da consultoria americana Gartner, em 2016 devem ser vendidos cerca de 369 milhões de tablets em todo mundo. Um número superior ao de computadores que devem ser vendidos este ano ao redor do globo. E com a indústria de PCs andando de lado nos últimos anos, não deve demorar para que os tablets superem a venda de notebooks e desktops. Em 2012, a procura pelos tablets deve praticamente dobrar e se aproximar dos 120 milhões de unidades vendidas. Ou, cerca de 30% de todos os computadores pessoais vendidos ao redor do globo no período. É um feito impressionante, ainda mais para uma categoria de produto que não existia há apenas três anos. De acordo com dados do último quarto dos balanços de Microsoft e Apple, o iPad sozinho faturou mais, acredite, do que toda a divisão Windows da Microsoft. Os números: pouco mais de US$ 9 bilhões para o iPad contra pouco mais de US$ 4,4 bilhões do Windows, sendo cerca de US$ 1,1 bilhão referente a pré-venda do novo sistema operacional.


Parece que a “era pós-PC” preconizada pelo falecido Steve Jobs está virando realidade, mais rápido do que o imaginado. Não é por acaso, que a Microsoft decidiu redesenhar completamente seu sistema operacional na prancheta de Sinofsky e lançar seu próprio tablet, o Surface. Para se ter uma ideia da importância desse movimento, a empresa jamais lançou um computador, apesar de ser dona do sistema operacional líder do segmento. Até mesmo um smartphone próprio deve ser lançado nos próximos meses. Essa seria a segunda tentativa da empresa de lançar um celular. Em 2010, a linha de celulares Kin da marca foi um fracasso retumbante. Durante o lançamento em São Paulo do Windows 8, a empresa negou que estivesse trabalhando num celular. "Temos ótimos parceiros, como Nokia, HTC e Samsung", disse Capossela. Porém, o Surface é uma prova de que não é impossível a empresa atrapalhar seus "ótimos parceiros". Muitos dos fabricantes de PCs tem tablets e vão ter que concorrer com o Surface.


Na segunda, 29, aliás, a Microsoft programou um segundo megaevento em Nova York para apresentar seu novo sistema operacional para smartphones, o Windows Phone 8. Tudo para tentar fazer frente a sua rival histórica a Apple, que numa jogada sagaz, para dividir a atenção da mídia mundial, anunciou seu novo iPad Mini, uma versão reduzida e mais barata do seu bem sucedido tablet, apenas dois dias antes do grande lançamento da Microsoft. Outra que também quer azedar a festa de Ballmer e sua turma é o Google, que agendou para o dia 29, o lançamento de novos produtos Android, possivelmente um tablet de US$ 99 e novos smartphones. Com um histórico singular na indústria de tecnologia, a Microsoft aposta tudo o que tem para surpreender os céticos e, mais uma vez, seguir relevante mesmo em uma "era pos-PC". Sinofsky tem razões para estar ansioso.



Fonte: istoedinheiro.com.br

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