Djalma Maranhão com o ex-presidente Café Filho
(Foto: Roberto Monte/www.dhnet.org.br)
Prefeito teve mandato voltado à educação e morreu no
exílio no Uruguai.
A Câmara Municipal de Natal aprovou nesta quinta-feira
(20) uma lei que anula o impeachment dos mandatos dos ex-prefeito e
vice-prefeito Djalma Maranhão e Luís Gonzaga dos Santos, que tiveram os cargos
cassados durante o período da ditadura militar no Brasil. O projeto, de autoria
do vereador George Câmara (PC do B) foi aprovado após votação unânime dos 29
vereadores.
A votação que cassou os mandatos de Djalma Maranhão e
Luís Gonzaga completa 50 anos em 2014. "Os 21 vereadores fizeram um
documento na época em que diziam não ocorrido pressão para votar pelo
impeachment, quando todos sabiam que havia influência dos militares. Foi uma
grande mentira, uma farsa que se montou", explica George Câmara.
O projeto também foi elaborado em data simbólica, 13 de
dezembro do ano passado, data que marcou os 45 anos da instituição do AI-5,
como ficou conhecido o ato institucional do governo Costa e Silva que endureceu
o regime militar no Brasil.
O texto da lei considera as cassações aprovadas em
1964, ano em que ocorreu o Golpe Militar no Brasil, como "atos
antidemocráticos e injustos". De acordo com a matéria, como forma de
corrigir a "injustiça histórica", os nomes do prefeito e do vice-prefeito
serão inscritos nos anais da Câmara Municipal e da prefeitura como "dignos
representantes dos cidadãos natalenses".
Além disso, a Casa Legislativa fará a entrega “in
memoriam” dos diplomas a Djalma Maranhão e Luís Gonzaga, "devolvendo de
forma simbólica seus mandatos, eleitos de forma democrática pelo voto do
povo", diz o texto da lei. No Palácio Felipe Camarão, onde funciona a
Prefeitura de Natal, será fixada ainda uma placa de metal com os nomes do
ex-prefeito e vice-prefeito.
De
Pé no Chão, Também se Aprende a Ler
Professor de Educação Física e jornalista, Djalma
Maranhão militou no Partido Comunista até a década de 1940 e também integrou o
Partido Trabalhista Nacional (PTN) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Foi
eleito deputado estadual e depois chegou ao cargo de prefeito de Natal em duas
ocasiões. Uma delas nomeado pelo então governador Dinarte Mariz e em 1960 por
eleição.
O governo de Djalma ficou conhecido pela campanha
"De Pé no Chão, Também se Aprende a Ler", política educacional para
alfabetizar crianças em Natal. Equipes de professores visitavam os bairros de
periferia para realizar o trabalho.
Em 1964, com o golpe que colocou os militares no poder,
o prefeito foi cassado e preso. Djalma Maranhão ficou custodiado em Natal, e
posteriormente em Fernando de Noronha e Recife. No mesmo ano, o professor e
jornalista pediu exílio político e foi morar em Montevidéu, no Uruguai, onde
faleceu em 1971 por insuficiência cardíaca aos 56 anos.
Fonte: G1 RN
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