segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Por que o Natal, nascimento de Cristo, tem data fixa e a Páscoa, sua ressurreição não tem?


Solstício e Equinócio como referência


Como se calcula a data da Páscoa?




Quando os ovos de chocolate vão finalmente chegar ao supermercado à espera da Páscoa?

Diferentemente do Natal e outras festas religiosas, a Páscoa muda a cada ano, entre 22 de março e 25 de abril. E a escolha dos dias foi definida após muita controvérsia.



A Páscoa cristã tem relação com Páscoa judaica (o Pesach).

Segundo a tradição cristã, a festa marca o dia da ressurreição de Cristo, em um domingo.

Para a tradição judaica, marca a fuga dos judeus do Egito, liderados por Moisés.

Mas por que elas não são celebradas do mesmo dia?

Raízes judaicas

Lutz Doering, professor da Universidade de Durham, na Grã-Bretanha, diz que há registros de que até o século 2 muitos cristãos celebravam a festa no dia 14 de Nisan do calendário judaico, mesma data do Pesach.

Doering explica que alguns grupos passaram a celebrar a Páscoa no domingo após o Pesach, 'porque viam a data como independente, uma nova celebração ligada exclusivamente à ressurreição de Jesus'.

Convencionou-se então que a Páscoa seria celebrada no domingo após a primeira lua cheia da primavera, guiando-se pela data do equinócio.

O debate sobre a mudança foi documento por Eusébio, historiador romando e bispo de Cesareia, que narra os encontros entre diferentes grupos que queiram fazer prevalecer sua posição.

Ao fim, cada um continuou a celebrar na data que considerava correta, até o Primeiro Concílio de Niceia, em 325 d.C..

O concílio convocado pelo imperador Constantino foi uma tentativa de unificar as normas e a tradição cristã, que havia sido feita religião oficial do Império Romano em 312 d.C..

O concílio decidiu que todos os cristãos deveriam celebrar a Páscoa na mesma data e que esta seria separada do Pesach.

Festa móvel

Um problema em separar a Páscoa do Pesach foi como calcular a data da festa com antecedência, já que a astronomia romana não era tão desenvolvida e a festa estava relacionada ao ciclo lunar.

O astrônomo Robert Cockcroft, da Universidade McMaster, no Canadá, explica que o problema foi resolvido ao se ficar 'datas eclesiásticas', diferentes das datas astronômicas.

Fixou-se a Páscoa no primeiro domingo após a primeira lua cheia 'eclesiástica' após o equinócio da primavera.

As datas 'eclesiásticas' tendem a seguir o tempo lunar, mas excepcionalmente o Pesach e a Páscoa acabam sendo celebrados com uma distância maior.

'Se a lua cheia ocorrer durante o equinócio, os cálculos eclesiásticos tende a forçar a próxima lua cheia para determinar a data da Páscoa', diz.

Julio e Gregório

A confusão para determinar a Páscoa ainda não tinha chegado ao fim.

Até 1582, usava-se na Europa o calendário juliano (em honra a Júlio César), baseado no ano solar.

'Contudo, o calendário juliano superestimava o ano solar em três dias, por quatro séculos', conta.

A contagem equivocada fez a Páscoa ser celebrada no verão europeu no século 16.

Em 1582, o Papa Gregório XVIII resolveu corrigir o erro e estabeleceu um novo calendário, o gregoriano, em uso até hoje.

Os dias do ano foram limitados a 365 (366 nos anos bissextos) e foram 'extintos' dez dias na contagem.

Quem dormiu na noite do dia 4 de outubro de 1582 acordou na manhã do dia 15 de outubro, oficialmente.

O calendário, no entanto, não foi seguido por todos. Cristãos ortodoxos continuaram a usar o calendário juliano.

Com tanta mudança, a Páscoa é hoje celebrada em datas diferentes por judeus, católicos e cristãos ortodoxos.


Fonte: BBC/ Via g1.com


Por que o Natal, nascimento de Cristo, tem data fixa e a Páscoa, sua ressurreição, não tem dia certo no calendário?

O dia 25 de dezembro foi estabelecido para o Natal pela igreja católica já que não há nenhuma evidência histórica do nascimento de Jesus. “Essa data foi fixada pela Igreja no primeiro dia do solstício de inverno do Hemisfério Norte”, diz o padre Maurílio Alves Rodrigues, doutor em Ciências Religiosas e diretor da Faculdade de Filosofia e Teologia João Paulo II.

A escolha deste dia é baseada numa fala de João Batista no evangelho de São João (capítulo 3, versículo 30) : “eu devo diminuir, ele deve crescer”. O solstício de inverno é exatamente o menor dia do ano no Hemisfério Norte (no hemisfério sul é o solstício de verão), a partir dele, os dias começam a durar mais do que as noites. Ele é interpretado como uma vitória da luz sobre a escuridão. Essa data deu origem a diversas festas pagãs, que “a Igreja católica acabou sacralizando e dando a elas outro sentido”, diz o padre.

“Já a data da Páscoa católica segue o calendário lunar”, diz Rodrigues. É o primeiro domingo depois da primeira Lua cheia após o equinócio da primavera no Hemisfério Norte – equinócio de outono no Sul. Pode ocorrer entre os dias 22 de março e 25 de abril. Pela definição católica, a ressurreição de Cristo teria ocorrido perto do ano 33 d.C no período do Pessach, a Páscoa judaica.

No entanto, a Igreja adotou este período para a Páscoa só no ano 325 d.C, durante o Conselho de Niceia. Ela se apropriou novamente de uma comemoração pagã. “Todas as culturas antigas do norte celebravam as estações do ano – mais definidas lá - com festas de semeadura e colheita. O catolicismo entra e se apropria dessas tradições, assim como o judaísmo e outras religiões também fizeram”, diz.



Fonte: revistagalileu.globo


Imagens ilustrativas


Nenhum comentário:

Postar um comentário