terça-feira, 25 de setembro de 2012

Jornalista Vladimir Herzog: Justiça manda retificar a causa da morte de Herzog


A certidão de óbito do jornalista Vladimir Herzog (1937-1975) será alterada. Por decisão judicial, divulgada ontem, a causa do óbito terá uma nova explicação.
Em vez de suicídio, estará escrito: "A morte decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do II-Exército - SP (DOI-Codi)".
O juiz Márcio Bonilha Filho, da 2ª Vara de Registros Públicos de São Paulo, acatou um pedido da viúva de Herzog, Clarice, e da Comissão da Verdade.
É o primeiro resultado prático obtido pelo grupo formado pela presidente Dilma Rousseff, que se reuniu ontem, em São Paulo.
Instituto Vladimir Herzog
Vladimir Herzog na redação, em 1966
Vladimir Herzog na redação, em 1966
O juiz, em sua sentença, afirma que não acatar o pedido de mudança é "prolongar o martírio da viúva e dos familiares e afrontar a consciência pública nacional".
No dia 25 de outubro de 1975, Vladimir Herzog morreu após uma sessão de tortura. Ele compareceu de forma espontânea à sede do DOI-Codi, na rua Tutóia, no bairro do Paraíso (zona sul).
Os agentes repressores, depois da morte do jornalista, armaram a cena para simular um suicídio. Uma nota oficial do Exército, emitida logo após a morte, confirmou, na época, que o próprio Herzog havia dado fim a sua vida.
O episódio virou um símbolo na luta contra a ditadura. Em 31 de outubro de 1975, 8.000 pessoas se reuniram na praça da Sé, centro de São Paulo, em um ato ecumênico para lembrar a morte.
OUTROS CASOS
Para a Comissão da Verdade, a mudança oficial da certidão de óbito tem um peso simbólico muito importante.
O objetivo é fazer o mesmo para outras dezenas de casos, desde que o pedido parta da família dos desaparecidos e mortos políticos. O problema, muitas vezes, é obter provas jurídicas que levem a Justiça a tomar a mesma decisão dada para o caso Herzog.
O colegiado tem sete membros, que foram escolhidos pelo governo federal em maio. O grupo tem poder para investigar as violações aos direitos humanos praticadas entre 1946 e 1988.
As investigações atingem apenas atos de agentes do Estado, ou que estavam a serviço dele --o que gerou reclamação dos militares.
Para José Carlos Dias, ex-ministro e integrante da comissão, é preciso "fechar a biografia das vítimas e registrar como o aparelho repressivo estatal agiu".





Fonte: Folha.uol.com

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