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Brasil registrou em 2011 o segundo maior saldo anual positivo de dólares desde o início da série histórica, em 1982. No acumulado do ano, o fluxo cambial teve saldo positivo (superavit) de US$ 65,279 bilhões, segundo mostraram dados do Banco Central (BC) nesta quarta-feira (4).
O volume de agora ficou atrás apenas de 2007, quando houve ingressos de US$ 87,454 bilhões, mas é quase 170% maior do que o de 2010, quando o fluxo ficou em US$ 24,354 bilhões.
O saldo de 2011 foi composto por superávit de US$ 43,950 bilhões nas operações comerciais e de US$ 21,329 bilhões na conta financeira.
Em dezembro, o fluxo cambial brasileiro registrou saldo negativo de US$ 1,943 bilhão, com saldo positivo de US$ 1,681 bilhão na conta de comércio e negativo de US$ 3,625 bilhões no segmento financeiro.
O BC informou ainda que os bancos terminaram dezembro com posição vendida de US$ 1,583 bilhão.
Boas expectativas
Profissionais do mercado acreditam que o país pode continuar atraindo grandes volumes de capitais neste ano se a situação na Europa não piorar.
"Temos condições de manter um fluxo elevado para o Brasil. Vamos crescer mais de 3% no próximo ano e estamos esperando IED (Investimento Estrangeiro Direto) na ordem de US$ 55 bilhões. São números muito bons considerando que este ano não deve ser fácil para a economia mundial", afirmou o diretor da Ativa Corretora, Álvaro Bandeira, que não fez uma projeção para o fluxo neste ano.
Para o economista, a atratividade da economia brasileira também se deve à elevada taxa básica de juros (Selic), hoje em 11% cento ao ano, a despeito de expectativas de queda nos próximos meses.
De acordo com o último relatório Focus do BC, o mercado espera que a economia brasileira cresça 3,30% neste ano e que o IED totalize US$ 55 bilhões. Os agentes apostam ainda que a Selic terminará este ano em 9,5%.
A própria autoridade monetária projeta que o IED ficará em US$ 50 bilhões em 2012, ano em que a economia crescerá 3,5%. A cifra, ainda que robusta, é menor do que a previsão de 2011, de US$ 65 bilhões em IED para o país.
Bandeira ponderou ainda que o fluxo de capitais ao Brasil seguirá dependente do noticiário internacional, sobretudo da crise de dívida na zona do euro.
"Se a aversão a risco crescer, o Brasil vai ser afetado e podemos ter uma diminuição desses fluxos."
Credibilidade em alta
Para o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, que não trabalha com um cenário de ruptura no exterior, o ponto forte do Brasil no atual momento econômico é a credibilidade que o país construiu nos últimos anos.
"Nossos fundamentos são sólidos, isso faz a diferença", afirmou.
Mesmo com crise, o mercado acredita que o fluxo pode melhorar ainda mais no médio prazo. O diretor de tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer, vê dois momentos para o cenário de fluxo cambial neste ano: um primeiro semestre de ingressos mais contidos, e os últimos seis meses do ano com a possibilidade de um fluxo mais forte, em meio à aceleração da economia doméstica e a perspectivas de que não haja um agravamento da crise na Europa.
Volta da posição vendida
Após três meses sustentando posições compradas no mercado à vista, os bancos fecharam dezembro com exposisão vendida -quando as apostas são de valorização do real frente ao dólar- de US$ 1,583 bilhão. Até o dia 16 de dezembro, os bancos tinham posição comprada de US$ 717 milhões.
Segundo o operador de câmbio de uma corretora paulista, o movimento reflete ajustes nas carteiras das instituições após o BC ter sinalizado que atuará no câmbio se necessário.
"Aliviou um pouco o medo do pessoal", afirmou.
Reagindo ao acirramento da crise internacional, o BC anunciou no mês passado um leilão de venda de dólar com compromisso de recompra, a fim de melhorar as condições no mercado interbancário e para as empresas exportadoras. Apesar de nenhuma proposta ter sido aceita, a operação foi entendida por investidores como mais um sinal de que o BC intervirá para ajustar as condições de liquidez.
As posições dos bancos em dólar no mercado à vista ficaram vendidas em grande parte do ano, especialmente no primeiro semestre, quando o dólar vinha numa espiral de queda e atingiu mínimas de 12 anos ante o real. Mas diminuíram a partir de julho, depois que o governo anunciou imposto de 1% sobre operações com derivativos de câmbio que aumentem as posições vendidas no mercado futuro.
(Com informações da Reuters)
Fonte: UOL.COM
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