terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Novas acusações renovam pressão para investigação sobre Lula


Dilma Rousseff abraça o ex-presidente Lula durante evento em Paris

Divulgada nesta terça-feira pelo jornal O Estado de São Paulo, a acusação de Valério de que Lula avalizou os empréstimos que alimentaram o mensalão levou partidos opositores e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, a sugerir que a PGR investigue o caso.
A denúncia vem à tona quatro dias após a Polícia Federal (PF) indiciar por quatro crimes a ex-assessora da Presidência Rosemary Noronha, nomeada por Lula em 2003. Ao lado de 23 pessoas, Rosemary é acusada de participar de um esquema de corrupção no governo federal, o que ela nega.
Trechos da investigação da PF sugerem que Rosemary se valia de sua proximidade com Lula para influenciar nomeações em agências federais. O ex-presidente, que está na França, não comentou a investigação da PF. Quanto à última acusação de Valério, disse em breve comentário a jornalistas que se trata de "mentira".
Também na França, a presidente Dilma Rousseff defendeu Lula ao ser questionada sobre o depoimento de Valério.
"É sabida a minha admiração, o meu respeito e minha amizade pelo presidente Lula. Portanto, eu repudio todas as tentativas, e esta não será a primeira vez, de tentar destituí-lo da imensa carga de respeito que o povo brasileiro lhe tem."
Aval e gastos pessoais
Em depoimento voluntário à PGR em setembro, Valério – recentemente condenado pelo Supremo a 40 anos de prisão – afirmou que Lula avalizou os empréstimos que irrigaram os pagamentos ilegais a congressistas. Os pagamentos estão no centro da denúncia do mensalão.
Segundo o Estado de São Paulo, Valério procurou a PGR para, em troca do novo depoimento, tentar obter proteção e reduzir sua pena.
Na ocasião, ele também afirmou ter repassado, em 2003, dinheiro para "gastos pessoais" de Lula. O empresário disse ter feito um depósito de R$ 100 mil na conta da empresa Caso, do ex-assessor presidencial Freud Godoy, valor que se destinaria ao então presidente.
Em seu depoimento, Valério também disse ter sofrido ameaças de morte de Paulo Okamotto, ex-integrante do governo que hoje dirige o instituto Lula. O empresário afirmou ainda que seus advogados no julgamento do mensalão são pagos pelo PT. Okamotto e o PT negaram as informações.
Após a publicação da reportagem, o PSDB disse que apresentaria um requerimento para convocar Valério para um depoimento no Senado. O pedido deverá ser analisado na próxima semana, mas mesmo opositores avaliam que há poucas chances de ele ser aprovado, dada a maioria governista na Casa.
O PSDB e o PPS cobraram ainda que a PGR abra um inquérito para analisar as denúncias de Valério. Em entrevista a jornalistas, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, também disse ser favorável à investigação.
Já o presidente do PT, Rui Falcão, saiu em defesa de Lula. Em nota, ele disse lamentar "o espaço dado pela imprensa para as supostas denúncias assacadas pelo empresário Marcos Valério contra o partido e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva".
"Caso essas declarações efetivamente tenham sido feitas em uma tentativa de 'delação premiada', deveriam ser tratadas com a cautela que se exige nesse tipo de caso", disse Falcão.
Segundo ele, as afirmações de Valério "refletem apenas uma tentativa desesperada de tentar diminuir a pena de prisão" que ele recebeu do STF.
Condenação
Nos últimos meses, o STF condenou Valério no julgamento do mensalão pelos crimes de corrupção ativa, peculato (uso de agente público para desviar recursos), formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Entre todos os 25 réus condenados no julgamento, Valério obteve a pena mais elevada: 40 anos de prisão, além de multa de R$ 2,8 milhões.
Na denúncia apresentada ao Supremo, a PGR classificou Valério como o "principal operador" do mensalão. Segundo a PGR, o empresário intermediou as transações financeiras que teriam permitido ao PT realizar pagamentos a congressistas da base aliada durante o primeiro mandato de Lula.
Em setembro, após a revista Veja publicar que Valério teria dito a pessoas próximas que Lula sempre soube do mensalão, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que eventuais declarações do empresário deveriam ser tratadas "com cautela".
"Marcos Valério é uma pessoa que, ao longo de toda participação dele nesse processo, deixou muito claro que é um jogador, e é preciso ver então que tipo de jogo está sendo feito", disse o procurador.
Gurgel não se pronunciou sobre o depoimento de Valério à PGR, em setembro, nem sobre os pedidos de abertura de um inquérito para investigar eventual participação de Lula no mensalão.



Fonte: BBC Brasil

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