quarta-feira, 4 de julho de 2012

Tombuctu: Unesco condena ataque de rebeldes

  Pátio da Mesquita de Djingareyber, construída de barro em 1325, Sankoré et Sidi Yahia.

Mausoléus destruídos por muçulmanos em Tombuctu estavam sob proteção da ONU desde 1988. Recentemente foram incluídos na lista de patrimônios ameaçados. Rebeldes procuram intimidar população e se afirmar contra Ocidente.

Manuscritos preciosos guardados em Tombuctu estão em perigo



Pecado contra o Islã
Situada à borda do Sahara e a cerca de mil quilômetros ao norte da capital Bamaco, Tombuctu é apelidada "Pérola do Deserto". Durante muito tempo foi considerada uma das principais atrações turísticas da África Ocidental. Além de três grandes mesquitas, 16 cemitérios e mausoléus fazem parte do Patrimônio Cultural da Humanidade na cidade.
Um dos monumentos já destruídos é o mausoléu de Mahmud Ben Amar, um erudito islâmico do século 16. Tratava-se de um local de peregrinação para os fiéis em busca do socorro da personagem que cultuam como a um santo.
Aos olhos dos fanáticos, isso atenta contra o monoteísmo do Islã, que só admite a adoração de um único Deus. Segundo o porta-voz do Ansar Dine, Sanda Ould Bamama, os monumentos em questão seriam haram, ou seja, pecado e, portanto, proibidos. 
Fonte: dw.de


A histórica Tombuctu, no Mali


Tombuctu foi fundada cerca do ano 1100 pela sua proximidade com o rio Níger para servir às caravanas que traziam sal das minas do deserto do Saara para trocar por ouro e escravos trazidos do sul por aquele rio. Em 1330, Tombuctu fazia parte do poderoso império do Mali, que controlava o lucrativo negócio do sal por ouro em toda a região, estando ligada à cidade de Yenné através do comércio do sal, de cereais e do ouro. A sua função comercial era acompanhada de uma função militar. Dois séculos mais tarde, Tombuctu atingiu o seu apogeu sob o império Songhay, tornando-se um paraíso para os estudiosos e a capital espiritual dos finais da dinastia Mandingo Askia (1493-1591). Tombuctu, que foi habitada por muçulmanos, cristãos e judeus durante centenas de anos, foi sempre um centro de tolerância religiosa e racial. As culturas locais - songhai, tuaregue e árabe– misturaram-se, mas conservaram as suas distintas tradições. Essa idade de ouro terminou no século XVI, quando um exército marroquino destruiu o império Songhay. O domínio do comércio com África pelos navegadores europeus foi mais uma razão para o declínio de Tombuctu . O plano actual da cidade é do século XIX. Cinco bairros repartem-se no espaço urbano rodeado por uma muralha de cinco quilómetros. Nesta cidade comercial, é dada uma grande importância ao espaço dedicado aos mercados e aos lugares públicos. Uma parte da cidade de Tomboctu já caiu devido às tempestades de areia do Saara.

A desertificação e a acumulação de areia trazida pelo vento seco harmattan já destruíram a vegetação, o abastecimento em água e muitas estruturas históricas da cidade. Depois de Tombuctu ter sido inscrita na lista do Património Mundial em Perigo, a UNESCO iniciou um programa para conservar e proteger a cidade.
Durante o começo do século XV, foram criadas várias instituições islâmicas. A mais famosa delas é a mesquita de Sankore, conhecida atualmente por Universidade de Sankore.
Enquanto o islamismo era praticado nas cidades, nas zonas rurais locais a maioria não seguia as tradições muçulmanas. Seus líderes eram muçulmanos, interessados no avanço econômico, ao passo que a maioria da população era de "tradicionalistas".
No centro da comunidade escolar islâmica, a universidade de Sankore se organizava de forma diferente das escolas medievais europeias, sem uma administração central, registros de estudantes, ou cursos prescritos para estudo. Era composta, basicamente, por outras escolas ou "faculdades" independentes, cada qual com seu mestre. Os estudantes ligavam-se a um único professor e os cursos eram oferecidos em pátios abertos dentro das instalações da instituição ou em residências fechadas. As escolas dedicavam-se a ensinar o Alcorão e outros campos de conhecimento, tais como a lógica, a astronomia e a história. A venda e compra de livros chegou a ser mais lucrativa do que o comércio de ouro e escravos. Entre os melhores alunos, professores e pedagogos, estava Ahmed Baba, personagem histórico frequentemente citado no Tarikh-es-Sudan e em outros livros.



Fonte: Wikipédia

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