Pátio da Mesquita de Djingareyber, construída de barro em
1325, Sankoré et Sidi Yahia.
Mausoléus destruídos por muçulmanos em Tombuctu
estavam sob proteção da ONU desde 1988. Recentemente foram incluídos na lista
de patrimônios ameaçados. Rebeldes procuram intimidar população e se afirmar
contra Ocidente.
Pecado contra o Islã
Situada à borda do Sahara e a cerca de mil quilômetros ao norte da capital Bamaco, Tombuctu é apelidada "Pérola do Deserto". Durante muito tempo foi considerada uma das principais atrações turísticas da África Ocidental. Além de três grandes mesquitas, 16 cemitérios e mausoléus fazem parte do Patrimônio Cultural da Humanidade na cidade.
Um dos monumentos já destruídos é o mausoléu de Mahmud Ben Amar, um erudito islâmico do século 16. Tratava-se de um local de peregrinação para os fiéis em busca do socorro da personagem que cultuam como a um santo.
Aos olhos dos fanáticos, isso atenta contra o monoteísmo do Islã, que só admite a adoração de um único Deus. Segundo o porta-voz do Ansar Dine, Sanda Ould Bamama, os monumentos em questão seriam haram, ou seja, pecado e, portanto, proibidos.
Fonte: dw.de
Tombuctu foi fundada cerca do ano 1100 pela sua proximidade
com o rio Níger para servir às caravanas que traziam sal das minas do deserto
do Saara para trocar por ouro e escravos trazidos do sul por aquele rio. Em
1330, Tombuctu fazia parte do poderoso império do Mali, que controlava o
lucrativo negócio do sal por ouro em toda a região, estando ligada à cidade de
Yenné através do comércio do sal, de cereais e do ouro. A sua função comercial
era acompanhada de uma função militar. Dois séculos mais tarde, Tombuctu
atingiu o seu apogeu sob o império Songhay, tornando-se um paraíso para os
estudiosos e a capital espiritual dos finais da dinastia Mandingo Askia (1493-1591).
Tombuctu, que foi habitada por muçulmanos, cristãos e judeus durante centenas
de anos, foi sempre um centro de tolerância religiosa e racial. As culturas
locais - songhai, tuaregue e árabe– misturaram-se, mas conservaram as suas
distintas tradições. Essa idade de ouro terminou no século XVI, quando um
exército marroquino destruiu o império Songhay. O domínio do comércio com
África pelos navegadores europeus foi mais uma razão para o declínio de
Tombuctu . O plano actual da cidade é do século XIX. Cinco bairros repartem-se
no espaço urbano rodeado por uma muralha de cinco quilómetros. Nesta cidade
comercial, é dada uma grande importância ao espaço dedicado aos mercados e aos
lugares públicos. Uma parte da cidade de Tomboctu já caiu devido às tempestades
de areia do Saara.
A desertificação e a acumulação de areia trazida pelo vento
seco harmattan já destruíram a vegetação, o abastecimento em água e muitas
estruturas históricas da cidade. Depois de Tombuctu ter sido inscrita na lista
do Património Mundial em Perigo, a UNESCO iniciou um programa para conservar e
proteger a cidade.
Durante o começo do século XV, foram criadas várias
instituições islâmicas. A mais famosa delas é a mesquita de Sankore, conhecida
atualmente por Universidade de Sankore.
Enquanto o islamismo era praticado nas cidades, nas zonas
rurais locais a maioria não seguia as tradições muçulmanas. Seus líderes eram
muçulmanos, interessados no avanço econômico, ao passo que a maioria da
população era de "tradicionalistas".
No centro da comunidade escolar islâmica, a universidade de
Sankore se organizava de forma diferente das escolas medievais europeias, sem
uma administração central, registros de estudantes, ou cursos prescritos para
estudo. Era composta, basicamente, por outras escolas ou "faculdades"
independentes, cada qual com seu mestre. Os estudantes ligavam-se a um único
professor e os cursos eram oferecidos em pátios abertos dentro das instalações
da instituição ou em residências fechadas. As escolas dedicavam-se a ensinar o
Alcorão e outros campos de conhecimento, tais como a lógica, a astronomia e a
história. A venda e compra de livros chegou a ser mais lucrativa do que o
comércio de ouro e escravos. Entre os melhores alunos, professores e pedagogos,
estava Ahmed Baba, personagem histórico frequentemente citado no
Tarikh-es-Sudan e em outros livros.
Fonte: Wikipédia
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