Estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria questiona eficiência dos gastos da área no Brasil
Os investimentos em educação feitos pelo Brasil nos
últimos anos cresceram. Porém, ao contrário de outros países com o mesmo
perfil de desenvolvimento, a qualidade de ensino não acompanhou o
aumento desses gastos. A conclusão faz parte de um estudo feito pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI) no final do ano passado.
A pesquisa “Competitividade Brasil: comparação com países
selecionados” mostra que o aumento da competitividade é o maior desafio
do País. Entre as 14 nações selecionadas na avaliação, o Brasil ocupa a
13ª posição nesse quesito. Para a indústria, melhorar a qualidade do
ensino oferecido nas escolas brasileiras fará toda a diferença nesse
cenário.
Foram analisados 14 países: África do Sul, Argentina,
Austrália, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha,
Índia, México, Polônia e Rússia. Eles foram escolhidos por conta de suas
características econômico-sociais e posicionamento no mercado
internacional. As variáveis escolhidas foram custo da mão de obra e de
capital, infraestrutura e logística, peso dos tributos, ambiente
econômico, educação, tecnologia e inovação.
No que diz respeito à educação, três frentes foram
avaliadas: a disseminação da educação entre a população brasileira, a
qualidade de ensino e o volume de recursos investidos na área. O Brasil é
o 6º país entre os 14 avaliados que mais investe em educação (o dado
utilizado foi o percentual do PIB em 2010, 4,97%).
O índice é similar ao da Espanha (5%) e da Coréia do Sul
(4,63%). No topo da lista, aparecem África do Sul (6,28%), Canadá
(5,96%), Austrália (5,84%) e Polônia (5,42%). “A elevação do custo com
educação é recente e sabemos que os resultados são lentos e geracionais,
mas é importante perceber o que os outros países têm feito melhor”,
avalia Rafael Lucchesi, diretor-geral do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (Senai).
Os itens avaliados para mensurar a qualidade de ensino
mostram que o Brasil está bem atrás dos outros. O País aparece em 9º,
superando apenas a Colômbia e a Argentina, nos quesitos considerados
importantes nesse sentido: o nível de conhecimento dos estudantes em
matemática, ciências e a capacidade de leitura
.
“É uma fotografia importante para a sociedade brasileira.
Há avanços que estão sendo feitos para melhorar a qualidade e os
indicadores tem demonstrado isso. Mas temos também um desafio de gestão
desses recursos a enfrentar. Os países que têm tido boa performance nos
rankings educacionais investiram na profissionalização dos dirigentes,
da carreira dos docentes”, diz Lucchesi.
Fator determinante para desenvolvimento
Lucchesi lembra que essa é a segunda vez que a CNI faz
estudos sobre competitividade. A educação foi listada entre os itens
importantes a serem avaliados desde então. Segundo ele, a preocupação da
entidade se dá por conta do papel “central” do ensino no
desenvolvimento econômico do País.
“A qualidade educacional influencia diretamente a
competitividade porque determina a qualificação para o trabalho. Há um
ano e meio, a pesquisa da CNI detectou que a deficiência na educação
básica interferia na produtividade das indústrias. Há indicadores que
mostram a necessidade de atenção do País”, afirma.
A conclusão dos estudos pela população, por exemplo,
chamou a atenção dos pesquisadores. No quesito disseminação da educação,
que avaliou as matrículas de alunos e suas respectivas idades em 9
países (Coreia do Sul, Canadá, Rússia, Austrália, Espanha, Polônia,
Chile e México), o Brasil fica em penúltimo.
Apesar de muitas matrículas no ensino médio, o País tem
um elevado índice de abandono em relação aos outros já que apenas 52% da
população de 25 a 34 anos concluiu a educação básica. Nos dados que
mostram a quantidade de pessoas nessa faixa etária que concluiu o ensino
superior, o índice é pior ainda (12%) e coloca o País em último lugar
da lista.
“Ainda temos poucos jovens no ensino superior e no ensino
técnico, ao contrário dos outros países. No Brasil, apenas 6,6% dos
jovens fazem educação profissional com ensino regular enquanto nos
países desenvolvidos o percentual é de 42%”, comenta.
Imagem ilustrativa
Fonte: Portal IG.COM
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