O Brasil é o segundo país do mundo com maior
número de casos de hanseníase, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em
2011, o país registrou cerca de 34 mil novos casos da doença, número inferior
apenas aos 127 mil casos na Índia, mas com uma população cinco vezes maior.
Segundo o coordenador nacional do Movimento de
Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custódio, a
situação do Brasil é alarmante, principalmente porque há muitos registros da
doença em crianças e adolescentes com menos de 15 anos, totalizando 2.420
casos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2012 foram detectados
quase 29 mil casos de hanseníase no país, dos quais 1.936 em menores de 15
anos.
'É raro hanseníase em criança. Hanseníase em
criança significa adulto sem tratamento, significa demanda oculta [casos que
não entram nas estatísticas]. Isso é mais criança doente do que todas as
crianças doentes de hanseníase somadas da América, África e Europa. O Brasil
está com um índice alarmante', disse Custódio.
De acordo com o Ministério da Saúde, os casos de
hanseníase diminuíram 26% entre 2001 e 2011. No entanto, a queda da doença no
resto do mundo foi muito mais acentuada, já que, segundo a OMS, em um período
de seis anos (entre 2004 e 2010) houve uma redução de 40% nos casos da doença
em todo o mundo.
Segundo Custódio, para reduzir essas estatísticas
é preciso que os três níveis de governo intensifiquem suas ações na prevenção e
no tratamento da doença. Ele defende que sejam realizadas campanhas de conscientização
da população e também a qualificação dos profissionais de saúde para atender
aos pacientes.
O papel do Ministério da Saúde, para Custódio,
consiste em basicamente repassar recursos para os municípios. 'Muitas vezes,
esses recursos não são nem fiscalizados. Estamos inclusive pedindo ao
Ministério Público que fiscalize esses recursos, porque a gente sabe de
municípios que não utilizaram esse financiamento ou utilizaram para a compra de
outras coisas. A gente precisa de mais, que todas as esferas de governo estejam
envolvidas em um processo de eliminação. É preciso colocar isso como uma
prioridade na pauta do governo', disse.
O coordenador da Morhan também critica o
ministério por não participar das mobilizações no Dia Mundial e Nacional de
Combate à Hanseníase, comemorado neste domingo (27). 'Nos últimos três anos,
nos dias mundiais de combate à hanseníase, o Ministério da Saúde não fez
nenhuma campanha, não fez nenhum material publicitário novo. O Dia Mundial da
Hanseníase foi criado pela ONU [Organização das Nações Unidas] em 1954 porque
um dos maiores problemas da hanseníase era a falta de informação e de campanhas
educativas. Parece que a gente ainda não aprendeu isso."
Fonte: Agência Brasil
Via:portal terra.com
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