Um dia após a final da Copa,
o jornal argentino Olé provocou os brasileiros que festejaram a derrota da
seleção de Alejandro Sabella no Maracanã. "Você não tem dignidade",
titulou o jornal, em português. O periódico, conhecido por dar gás a
provocações de arquibancada, sugeriu que os brasileiros sofrem de
"síndrome de Estocolmo" por terem torcido pela Alemanha, a equipe que
atropelou os anfitriões na semifinal por 7 a 1.
Fonte: copadomundo.uol.com
Fonte: copadomundo.uol.com
Quem tem razão? Quem tem ressentimentos?
Semeando a intriga e
espalhando a inimizade entre as tribos vizinhas, poucos europeus “civilizados”
dominaram, escravizaram e aniquilaram facilmente populações inteiras de nativos
na América recém descoberta nos séculos XV e XVI.
Vizinhos unidos ficam mais
fortes e resistentes e entrar nessa onda de disputa regional só temos a perder.
Começa no esporte e quem garante que num futuro próximo não se generalizará
para outros setores.
Acalmem os ânimos, esqueçam
atitudes tolas o que vale de fato é o desenvolvimento da nossa região, afinal,
sonhamos com o caminho do
Desenvolvimento, da Saúde, da Educação e do bem estar social do nosso povo e
isso eles não nos darão e se ficarmos eternamente com essas picuinhas seremos
eternamente apertadores de botões. Na famosa fábula de Esopo que diz: " o
graveto isolado se quebra fácil, unidos e atados, dificilmente de
quebrarão". Fica a lição! (Claudianor D. Bento)
Afinal,
o que vem a ser a Síndrome de Estocolmo.
Síndrome de Estocolmo é o
nome dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um
tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de
amor ou amizade perante o seu agressor. A síndrome de Estocolmo parte de uma
necessidade, inicialmente inconsciente.
A seguir um texto de Mariana Araguaia
Em uma manhã de agosto de
1973, dois assaltantes invadiram um banco, o “Sveriges Kreditbank of
Stockholm”, em Estocolmo, Suécia. Após a chegada da polícia, resultando em uma
considerável troca de tiros, tal dupla transformou em reféns, por seis dias,
quatro pessoas que ali se encontravam.
Ao contrário do que se
poderia imaginar, quando os policiais iniciaram suas estratégias visando à
libertação dos reféns, esses recusaram ajuda, usaram seus próprios corpos como
escudos para proteger os criminosos e, ainda, responsabilizaram tais
profissionais pelo ocorrido. Um deles foi ainda mais longe: após sua
libertação, criou um fundo para os raptores, com o intuito de ajudá-los nas
despesas judiciais que estes teriam, em consequência de seus atos.
Tal estado psicológico
particular passou então a ser chamado de “síndrome de Estocolmo”, em homenagem
ao referido episódio. Ao contrário do que se imagina, ele não é tão raro quanto
pensamos, e não se resume somente a relações entre raptores e reféns. Escravos
e seus senhores, sobreviventes de campos de concentração, aqueles submetidos a
cárcere privado, pessoas que participam de relacionamentos amorosos
destrutivos, e até mesmo algumas relações de trabalho extremas, geralmente
permeadas de assédio moral; podem desencadear o quadro. Em todos esses casos,
são características marcantes: a existência de relações de poder e coerção,
ameaça de morte ou danos físicos e/ou psicológicos e um tempo prolongado de
intimidação.
Nesse cenário de estresse
físico e mental extremos, o que está em jogo inconscientemente é a necessidade
de autopreservação por parte do oprimido, aliada à ideia, geralmente errônea,
de que, de fato, não há como escapar daquela situação. Assim sendo, ele
inicialmente percebe que somente acatando as regras impostas é que conseguirá
garantir pelo menos uma pequena parcela de sua integridade.
Aos poucos, a vítima busca
evitar comportamentos que desagradem seu agressor, pelo mesmo motivo pontuado
anteriormente; e também começa a interpretar seus atos gentis, educados, ou
mesmo de não violência como indícios de uma suposta simpatia da parte dele a
ela. Tal identificação permite a desvinculação emocional da realidade perigosa
e violenta a qual está submetida.
Por fim, a vítima passa a
encarar aquela pessoa com simpatia, e até mesmo amizade – a final de contas,
graças à sua “proteção”, ela ainda se encontra viva. No caso de pessoas
sequestradas, mais um agravante: tal indivíduo é geralmente a sua única
companhia!
Para exemplificar, temos o
que Natascha Kampusch, a austríaca que viveu em cativeiro por oito anos,
escreveu em seu livro (3.096 Dias, Verus Editora):
“Eu ainda era apenas uma
criança, e precisava do consolo do toque (humano). Então, após alguns meses
presa, eu pedi a meu sequestrador que me abraçasse”.
Vale frisar, no entanto, que
a referida pessoa, assim como muitas que passam por essa situação e se
comportam tal como foi dito, não se identifica com o quadro descrito neste
texto, afirmando que “ninguém é totalmente bom ou mau” e que “aproximar-se do
sequestrador não é uma doença; criar um casulo de normalidade no âmbito de um
crime não é uma síndrome - é justamente o oposto: é uma estratégia de
sobrevivência em uma situação sem saída”.
Na maioria dos casos, mesmo
após sua libertação, a vítima continua a nutrir um sentimento de afeição por
tal pessoa. Um exemplo clássico é o de algumas mulheres que sofrem agressões de
seus esposos e continuam a defendê-los, amá-los e a justificar suas agressões.
Por Mariana Araguaia
Bióloga,
Equipe Brasil Escola
Imagens ilustrativas
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