Estima-se que 73,8 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos estão sem trabalho
O aumento do número de jovens
desempregados no mundo tem elevado os riscos do surgimento de uma "geração
perdida", com milhares de recém-formados fora do mercado de trabalho e
descrentes sobre seu futuro, apontou, na última segunda-feira (21), um
relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
De acordo com a mais recente
edição do estudo "Tendências Mundiais de Emprego", a proporção de
jovens desempregados no mundo aumentou para 12,6% em 2012, e deve crescer ainda
mais pelos próximos anos, podendo chegar a 12,9% em 2017.
A pesquisa estima que 73,8
milhões de pessoas entre 15 e 24 anos no mundo estão sem trabalho, de um total
geral de 197 milhões, e que a frágil recuperação da atividade econômica pode
elevar em 500 mil o número de desempregados nessa faixa etária já em 2014.
O relatório revela que, nos
últimos anos, em parte devido à crise financeira, muitos jovens recém-formados
não conseguem encontrar emprego, permanecendo fora do mercado de trabalho
formal durante muito tempo, o que pode não só prejudicar as suas perspectivas
de carreira, como, a longo prazo, também o próprio crescimento da economia
mundial.
segundo o estudo da OIT, tal
situação extrema nunca foi observada em crises financeiras anteriores.
A título de exemplo, atualmente,
35% de todos os jovens desempregados nas economias avançadas estão
desempregados por seis meses ou mais tempo, ante a 28,5% em 2007, destaca a
pesquisa.
Como resultado, um número cada
vez maior de pessoas entre 15 e 24 anos"'tem perdido as esperanças em
encontrar um emprego e desistido do mercado de trabalho".
Entre os países europeus, o
problema é ainda maior, com 12,7% de todos os jovens do continente sem emprego
e sem estar estudando ou fazendo cursos de treinamento, uma taxa dois pontos
percentuais maior do que no período pré-crise.
— Esses longos períodos de
desemprego e desânimo no início da carreira de uma pessoa podem prejudicar as
suas perspectivas de longo prazo, uma vez que suas habilidades profissionais e
sociais, além da experiência prática, não são construídas.
O estudo sinaliza que, desde
2007, quando a crise financeira mundial ainda não havia eclodido, o número de
pessoas entre 15 e 24 anos sem trabalho aumentou em 3,4 milhões.
A OIT acrescenta que tal aumento
no contingente de jovens desempregados também foi acompanhado pela saída de
milhares deles do mercado de trabalho formal.
Na prática, segundo o órgão, no
ano passado, foram contratados 22,9 milhões de pessoas a menos nesta faixa
etária do que em igual período de 2007.
Mundo
A OIT também analisou um panorama
das tendências de emprego globalmente. As perspectivas da entidade, entretanto,
não são positivas.
O relatório indica que o
desemprego em 2012 voltou a subir depois de dois anos de queda e poderá
aumentar ainda mais neste ano.
Segundo a pesquisa,
aproximadamente 25% do aumento do número de pessoas sem trabalho veio dos
países ricos, enquanto o restante foi dividido em economias em desenvolvimento,
no leste e no sul da Ásia e na África subsaariana.
"Um panorama econômico
incerto, e a falta de uma política adequada para solucioná-lo, enfraqueceu a
demanda agregada, freando o investimento e o emprego", afirmou por meio de
um comunicado o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.
— Isso prolongou a queda do mercado
de trabalho em muitos países, reduzindo a criação de empregos e aumentando a
duração do desemprego em alguns países que previamente haviam reduzido o
desemprego e os mercados de trabalho dinâmicos.
Por outro lado, o relatório
também destaca que o contingente de trabalhadores com rendimento de classe
média vem aumentando, especialmente em locais como a América Latina, o que pode
servir de estímulo para a retomada da economia global.
Mas apesar de elogiar o
desempenho da região, o estudo assinala que a produtividade do trabalhador,
ainda que tenha aumentado, deve cair nos próximos anos, constituindo uma das
maiores barreiras para uma melhora na qualidade de vida e nas condições de
trabalho.
Respostas coordenadas
Ryder sugeriu que os países
busquem "respostas coordenadas" à crise como estratégia para ampliar
o número de empregos e reduzir o índice de pessoas fora do mercado de trabalho.
— A natureza global da crise
mostra que os países sozinhos não podem resolver seu impacto apenas com medidas
domésticas. A incerteza, que afasta investimentos e a criação de empregos, não
cessará se os países apresentarem soluções conflitantes.
Fonte: R7.Com
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