quarta-feira, 22 de maio de 2013

Avenida Lindolfo Gomes Vidal (Rua grande). Um relato


Avenida Lindolfo Gomes Vidal, antiga Dr. Pedro Velho (Rua grande). 
               

               Por meio das fotografias de épocas diferentes do centro da cidade de Santo Antônio/RN é possível mostrar as mudanças na paisagem e as manifestações sociais em cada período. A arquitetura do centro da cidade formava uma paisagem que vinha ao encontro dos anseios, da alegria e da tristeza da juventude dos anos passados, onde se respeitavam os mais velhos. Anos que não voltam mais. Infelizmente!
               Bem próximo havia empórios e bazares, onde senhoras passavam com sacolas de compras semanais e os senhores sentados nas calçadas, iam matar as horas fatigadas. A igreja e poucas casas conservam a arquitetura da época. Saudosa época! O asfalto das ruas de hoje, sobre as pedras dos calçamentos de ontem, e tantas vezes pisado por pés que se foram, nem de longe reflete a saudade daquele tempo.
              
                Não menos diferentes são algumas casas que insistem em desafiar o tempo, em contraste com as novas construções. Casas com reboco rebuscado, paredes grossas, senhoras em suas janelas, perdidas em suas lembranças, quadros antigos na parede com moldura esverdeada em zinabre, um santo aqui, uma santa ali, uma oração para Santo Expedito ou Nossa Senhora da Conceição. Cadê a velha casa que abrigava o motor de geração de energia que, à noite, iluminava as ruas? Hoje, tudo mudou, é um carro que expulsa as cadeiras das calçadas, é uma luz que encobre as estrelas, é um sobrado moderno que nasce sobre um casarão antigo. E a igreja? Já não atrai tanta gente aos domingos. Surgiram outros locais de culto, e também espaços de encontros, de entretenimento, de diversão.
              
                 A paisagem muda, e com ela, acompanhando a sua dinâmica, as pessoas também. Os meninos que outrora rodavam piões e soltavam pipas, crescidos, veem seus herdeiros teclando o videogame e cercados por outros amigos ‘virtuais’, nas redes sociais. Muitos nem percebem tais mudanças no tempo e na paisagem, outros, porém, talvez predestinados ou fadados à eterna saudade, quase conseguem ver suas sombras e ouvir suas vozes, não as vozes nem as sombras atuais, mas aquelas de um passado distante, alimentos de lembranças e sinestesia.
               Passa o tempo, passa o homem, passa o carro, contudo; não passa a saudade de um tempo, tempo esse, estampado em uma “simples” fotografia, fotografia essa, comparada ao retrato da atualidade e da realidade.



Claudianor D. Bento

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