Avenida
Lindolfo Gomes Vidal, antiga Dr. Pedro Velho (Rua grande).
Por meio das fotografias de
épocas diferentes do centro da cidade de Santo Antônio/RN é possível mostrar as
mudanças na paisagem e as manifestações sociais em cada período. A arquitetura
do centro da cidade formava uma paisagem que vinha ao encontro dos anseios, da
alegria e da tristeza da juventude dos anos passados, onde se respeitavam os
mais velhos. Anos que não voltam mais. Infelizmente!
Bem próximo havia empórios e
bazares, onde senhoras passavam com sacolas de compras semanais e os senhores
sentados nas calçadas, iam matar as horas fatigadas. A igreja e poucas casas
conservam a arquitetura da época. Saudosa época! O asfalto das ruas de hoje,
sobre as pedras dos calçamentos de ontem, e tantas vezes pisado por pés que se
foram, nem de longe reflete a saudade daquele tempo.
Não menos diferentes são algumas
casas que insistem em desafiar o tempo, em contraste com as novas construções.
Casas com reboco rebuscado, paredes grossas, senhoras em suas janelas, perdidas
em suas lembranças, quadros antigos na parede com moldura esverdeada em
zinabre, um santo aqui, uma santa ali, uma oração para Santo Expedito ou Nossa
Senhora da Conceição. Cadê a velha casa que abrigava o motor de geração de
energia que, à noite, iluminava as ruas? Hoje, tudo mudou, é um carro que
expulsa as cadeiras das calçadas, é uma luz que encobre as estrelas, é um
sobrado moderno que nasce sobre um casarão antigo. E a igreja? Já não atrai
tanta gente aos domingos. Surgiram outros locais de culto, e também espaços
de encontros, de entretenimento, de diversão.
A paisagem muda, e com ela,
acompanhando a sua dinâmica, as pessoas também. Os meninos que outrora rodavam
piões e soltavam pipas, crescidos, veem seus herdeiros teclando o videogame e
cercados por outros amigos ‘virtuais’, nas redes sociais. Muitos nem percebem
tais mudanças no tempo e na paisagem, outros, porém, talvez predestinados ou
fadados à eterna saudade, quase conseguem ver suas sombras e ouvir suas vozes,
não as vozes nem as sombras atuais, mas aquelas de um passado distante,
alimentos de lembranças e sinestesia.
Passa o tempo, passa o homem,
passa o carro, contudo; não passa a saudade de um tempo, tempo esse, estampado
em uma “simples” fotografia, fotografia essa, comparada ao retrato da
atualidade e da realidade.
Claudianor D. Bento
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