Escola Estadual Dr. Manoel Dantas - janeiro de 1983
Vivência escolar (Claudianor
D. Bento)
Fazia muitos anos que não
era desafiado a responder sobre o meu
passado escolar e como já faz um certo tempo que passei por essa fase(ensino
fundamental),décadas de 1970/80, ao ser indagado sobre o assunto(pelos professores
da UFRN), doces e amargas lembranças me vieram de súbito, à memória.
Na primeira escola que
estudei (E. E. Dr. Manoel Dantas, em Santo Antônio-RN) tentava-se, tardiamente,
esboçar um modelo de Educação sob as perspectivas da tendência progressista
libertadora. A ideia era recuperar o “tempo perdido” que há tempos estancava os
caminhos para uma educação reflexiva, pois, a mesma, ficava a mercê de
professores que se diziam donos do saber. Que saudade!
Todavia, contrariando os
novos ventos que sopravam a caminho de uma melhoria na maneira de se transmitir
conhecimento(educação recíproca professor/aluno), lembro-me de uma diretora que
era de difícil convivência (estilo militar e arrogante) e que, ecoando os seus
delírios autoritários, os professores da escola seguiam o mesmo caminho. Nada
de aluno contestar, e se resolvesse faze-lo o fizesse com cautela, caso
contrário a palmatória estalava feio entre os dedos da mão. Mãos grossas a dos
alunos, devido ao árduo serviço diário.
Em pouco tempo comecei a
perceber que para progredir naquele universo tinha que estudar mais e buscar
conhecimentos além daquele espaço. Meu mundo, que poderia ser tão diferente!
Lembro-me bem de uma
professora, Esther. Dona Esther, saudosa professora! Um certo dia, não sei
quando nem como, ela de súbito entrou na sala e esbravejou o seguinte desafio:
quem acertar o nome do atual presidente da república, nesse bimestre fica com
dez e nem precisará fazer a prova bimestral. Todo mundo calado! E não é que lá
de trás, Maria Júlia gritou: Figueiredo! “Dez para você Maria Júlia” disse a
professora. E era nesse compasso que seguia a nossa educação. Depois de alguns
anos descobrimos que a tal Maria Júlia era sobrinha da diretora.
Eram velhos livros jogados
pelo chão, um bê-á-bá daqui, uma tabuada dali. E se errasse a lição? Tome-lhe a
palmatória! A disciplina de Geografia era unida com a de História no que se
chamava de Estudos Sociais. Se o aluno conseguisse decorar os nomes de algumas
capitais dos estados brasileiros, como
também de alguns rios, bacias hidrográficas, formas de relevos, entre outras;
com certeza tiraria uma boa nota na prova. Noções do que hoje é: espaço,
território, lugar, paisagem eram repassadas de maneira muito diferente. Noções
essas que serviam apenas para acomodar o modelo político vigente na época.
Nessa época, um aluno
oriundo de escola pública ingressar numa universidade pública era um grande
feito. Não existiam as "facilidades" de hoje. E nesse contexto fui inserido.
Terminei o segundo grau (ensino médio da época) pobre, precisei trabalhar e
hoje estou concluindo uma licenciatura (UFRN), sonho dos tempos de criança que
vem lá dos tempos da E. E. Dr. Manoel Dantas, em Santo Antônio-RN.
Por: Claudianor D. Bento
Referência para esse texto
BENTO, Claudianor
Dantas." Vivência escolar: Na E. E. Dr. Manoel Dantas" . 23/ de
setembro de 2013. Disponível em: < http://santoantoniooficial.blogspot.com.br/2013/09/vivencia-escolar-na-e-e-dr-manoel-dantas.html
>. Acesso em (colocar a data de acesso).
Nenhum comentário:
Postar um comentário